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No Brasil, existe uma máxima que todo mundo deveria seguir já há muito tempo: se beber, não dirija. Deveria ser uma decisão espontânea. Todos deveriam ter preocupação com a segurança.

Mesmo existindo um a lei, no fim de semana, mais uma vez, houve vários acidentes provocados por motoristas embriagados. Nenhum dos motoristas está preso. Todos foram liberados depois de pagar fiança. E as fianças têm variado muito. Elas são decididas de acordo com a interpretação do delegado que registra o caso.

No fim de semana, quatro pessoas de uma mesma família morreram em um acidente no Rio Grande do Sul. Segundo a polícia, um motorista bêbado provocou a tragédia. Ele pagou fiança e já está em casa.

Segundo a Polícia Rodoviária, o motorista de uma caminhonete alcoolizado dirigia na contramão. Bateu de frente em um carro e quatro pessoas da mesma família morreram, entre elas, uma menina de 8 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, morrem por ano no Brasil, 35 mil pessoas em acidentes de trânsito. Metade desses acidentes tem relação com o abuso de álcool.

No interior de São Paulo, o pai de Libeni da Silva está no hospital. Ele foi atropelado por um motorista que estava alcoolizado. Mesmo assim, o condutor foi libertado depois de pagar R$ 1 mil de fiança.

"A pessoa bebe, atropela e fica por isso mesmo", diz a filha do aposentado Libeni da Silva.

Na mesma região, outro motorista embriagado atropelou oito pessoas e foi liberado após pagar uma fiança de R$ 150.

"Eu esperava que ele ficasse pelo menos por alguns dias a mais na cadeia. Não foi o que aconteceu", reclama Isaac Santiago, vítima de atropelamento.

Apostando na impunidade, os motoristas continuam lotando os bares. Em São Paulo, as noites de sexta-feira e de sábado são as mais perigosas para andar de carro.

"Claro, que é um risco. Mas a gente corre o risco. Risco é para ser corrido", fala um rapaz.

Muitos motoristas usam a internet para avisar onde estão os bloqueios policiais. Essa não é a única dificuldade que os PMs enfrentam.

"Tem pessoas que se recusam a fazer o teste, tendo em vista que elas não são obrigadas a produzirem provas contra elas", explica o tenente do batalhão de trânsito de São Paulo, Lucas Gonzaga Santos.

O técnico em informática Victor Werner de Souza concorda que essa brecha na lei atrapalha. O rapaz de 21 anos perdeu parte dos movimentos do braço direito, depois de capotar em uma avenida. O motorista tinha bebido.

"O povo ignora, finge que não é com ele, finge que não vai acontecer com ele, só passando pelo que eu passei e vendo o que o vi que sim, você toma uma atitude de se proteger e ter cuidado com a sua vida", fala o jovem.

"Enquanto não houver o sentimento de que todos nós podemos ser fiscalizados, abordados e sermos obrigados a ser submetidos ao uso do bafômetro sempre haverá pessoas que acham que nunca serão pegos e continuarão bebendo e causando acidentes", justifica o diretor do Denatran Alfredo Peres da Silva.

O responsável pelo acidente de ontem, que deixou quatro mortos da mesma família em Canguçu, no Rio Grande do Sul, teve ferimentos leves. Ele vai ser processado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

A delegada encarregada do caso disse que, dependendo do resultado do inquérito, ainda pode enquadrar o responsável por homicídio doloso, quando há intenção de matar ou quando se assume o risco de provocar uma morte, no caso ingerindo bebida alcoólica antes de dirigir.

A pergunta que fica é: de que adianta criar uma lei - como a Lei Seca - se ela é enfraquecida por interpretações diferentes e pela falta de condições de aplicação?

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