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A resolução n.º 90 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de fevereiro de 2006, é clara ao proibir a instalação de equipamento gerador de imagens em veículos de forma que o motorista possa se distrair enquanto dirige. Mas uma olhada mais atenta nos semáforos de Curitiba é suficiente para perceber que a lei está longe de ser cumprida e que os aparelhos de DVD para carros, enquadrados nesta resolução, viraram moda.

O perfil do motorista que desrespeita a lei é confirmado pela lojas que instalam o aparelho: homens jovens, de 18 a 25 anos, que investem entre R$ 800 e R$ 4,5 mil para ter a sua disposição uma tecnologia e um conforto que têm de ser utilizados com ressalvas. "É mais piazada que procura, mas, como é caro, nem todo mundo coloca", conta Djeison Cristiano Sgode, proprietário de uma loja de instalação.

De acordo com a resolução do Contran, a instalação do DVD ou GPS (sistema de localização via satélite) tem de ser feita "de forma que somente os passageiros ocupantes dos bancos traseiros possam visualizar as imagens". Na parte dianteira do veículo, o equipamento só pode ser instalado se possuir mecanismo automático que o torne inoperante, independente da vontade do condutor ou passageiros, quando o veículo estiver em movimento.

Segundo o advogado Marcelo Araújo, especialista em trânsito, o problema da resolução é a dificuldade de se efetuar a fiscalização. "O policial teria de estar dentro do veículo. Em blitz fica difícil pegar alguém", opina.

Tela removível

Baseado na impunidade, o funcionário público Fábio (nome fictício), 23 anos, instalou há dois anos um DVD em seu carro por R$ 860. Nunca teve problemas em barreiras policiais ou levou alguma multa por isso. "A tela é removível, quando aparece polícia é só tirar rápido", conta. Segundo ele, o aparelho faz sucesso entre os amigos e entre as garotas e não representa perigo algum para a direção. "Todo mundo fica impressionado e não atrapalha para dirigir porque eu não olho a tela, fico só escutando", afirma. Já o engenheiro agrônomo Erik Petter, 22 anos, sentiu na pele como o DVD pode prejudicar a segurança no trânsito. Dois meses antes da resolução do Contran entrar em vigor, ele havia instalado um aparelho em seu carro por R$ 2 mil. "Como já tinha feito o investimento, fiquei com o equipamento", diz.

Um pequeno incidente quatro meses depois, no entanto, contribuiu para Erik mudar de opinião. Ao prestar atenção nas imagens do aparelho, não percebeu que o carro da frente freara bruscamente, batendo na traseira de outro automóvel. "A sorte é que eu estava em velocidade baixa", conta. Somando-se ao fato de ter sido parado em duas blitz por causa do DVD, o rapaz resolveu desistir do aparelho e o retirou do carro.

O irmão de Erik, o estudante de engenharia mecânica Rudolf Petter, 18 anos, não quis correr os mesmos riscos. Há dois meses instalou uma tela para um Ipod no teto do carro, por R$ 1,2 mil, de forma que só os passageiros podem visualizar a imagem. "Assim não dá problema", conclui.

Segundo o Contran, quem desrespeita a resolução comete uma infração grave e pode levar cinco pontos na carteira, ser multado em R$ 127,69 e ter o veículo retido para regularização. "O motorista tem de dar atenção prioritariamente ao trânsito. Até mesmo procurar a freqüência de rádio em um carro pode ser fator de distração", opina Araújo.

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