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Bope, COE e Anti-Bombas foram até Joaquim Távora para acompanhar negociações do sequestro | Albari Rosa / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Bope, COE e Anti-Bombas foram até Joaquim Távora para acompanhar negociações do sequestro| Foto: Albari Rosa / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Após 12 horas de cárcere privado, o mototaxista Joelson Gomes Ferreira, 30 anos, que mantém uma família refém em Joaquim Távora, no Norte Pioneiro, libertou mais uma vítima. Lídia Soares, de 65 anos, é mãe da ex-mulher dele e foi solta pouco depois das 18h30 desta quinta-feira (10). Aparentemente, ela não apresenta ferimentos e é atendida por uma ambulância do Corpo de Bombeiros a cerca de 40 metros da casa onde a família permanece detida por Joelson.

A ex-mulher do mototaxista, Lidiane Matias, de 27 anos, e o filho do casal, de cinco anos, permanecem dentro da casa, em poder de Joelson. Ele está armado com uma pistola calibre 380, um revólver calibre 38 e uma banana de dinamite inserida em um tubo de PVC.

Ele invadiu a residência por volta das 6h30, depois que o pai da ex-mulher saiu de casa para trabalhar. Uma adolescente de 11 anos – irmã caçula de Lidiane – também esteve rendida, mas foi libertada pouco depois das 13 horas. Uma sobrinha de Lidiane, que tem 13 anos, dormia em um quarto nos fundos da casa. Ela não chegou a ser feita refém e conseguiu deixar a residência por volta das 11 horas.

Segundo o tenente-coronel Nerino de Brito,os negociadores da polícia argumentaram com Joelson que Lídia já tem idade avançada e, caso ela viesse a sofrer algum problema de saúde em função do cárcere privado, a situação legal dele se agravaria. As negociações continuam sendo conduzidas por dois oficiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que mantém contatos regulares com o mototaxista por celular.

O Comando de Operações Especiais (COE), e o Esquadrão Anti-Bombas da Polícia Militar (PM) e o Grupo Tigre, além de policiais civis de Joaquim Távora também atuam na operação. No total, mais de 30 homens participam dos trabalhos.

Mototaxista exige advogado

Pouco antes de libertar a mãe da ex-mulher, Joelson apresentou uma nova exigência à polícia: ele reivindicou a presença de um advogado. Segundo o delegado de Joaquim Távora, Rubens José Peres, o mototaxista quer que um jurista lhe explique a que tipos de crime ele pode ser enquadrado.

Na avaliação de Peres, o mototaxista deverá responder por cárcere privado (cuja pena pode chegar a cinco anos de reclusão), porte ilegal de arma de fogo (até quatro anos de reclusão), e porte ilegal de explosivos (cuja pena pode chegar a dois anos).

No início da noite desta quinta-feira, o delegado contou que Joelson tem se mostrado instável, com oscilações de comportamento. "Nos contatos, tem horas que ele se desespera, tem horas que ele está tranquilo. Às vezes ele chora, em outras, dá risada. Enfim, é uma situação bastante complicada", disse.

Apesar disso, Joelson permanece a maior parte do tempo jogando videogame com o filho. A energia elétrica havia sido cortada pela manhã, mas foi religada à tarde a pedido do mototaxista, para que ele pudesse distrair o menino. Segundo o delegado, aparentemente a criança não tem noção da gravidade da situação.

De acordo com a polícia, o mototaxista tem feito menção constante ao caso de Lindemberg Alves Fernandes, condenado 98 anos e dez meses de prisão pela morte da ex-namorada Eloá Pimentel, em 2008. Lindemberg invadiu a casa de Eloá e a manteve refém por mais de cem horas. Ele matou a jovem assim que a polícia invadiu o apartamento.

"Ele [Joelson] diz que quer aparecer na mídia com este caso e que quer bater o recorde de Lindemberg, ficando mais de cem horas no ar", relatou o delegado.

Motivação

Joelson mora em Curitiba e foi de táxi a Joaquim Távora na madrugada desta quinta-feira. Por três anos viveu com Lidiane na capital paranaense. Segundo o pai dela, o casal sempre passava por dificuldades financeiras e ele tinha que ajudá-los, enviando dinheiro. Por causa disso, há um ano e meio, a mulher decidiu abandonar Joelson e voltou com o filho para Joaquim Távora.

No Norte Pioneiro, Lidiane voltou a viver com a família. Atualmente, ela trabalha no setor de compras do Frigorífico Pioneiro e cursa ciências contábeis em uma faculdade da região.

Assim que foi deixado pela mulher, Joelson passou a telefonar regularmente a ela, tentando reatar o casamento. O pai de Lidiane disse que as ligações haviam cessado há cerca de três meses. Desde então, ninguém da família manteve qualquer contato com Joelson.

À polícia, Joelson disse que se sentiu abandonado pela esposa. Desde que ela retornou a Joaquim Távora, o mototaxista não tinha mais visto o filho. Lidiane já havia avisado a polícia que sofria ameaças do ex-marido. Há boletins de ocorrência registrado contra Joelson em Curitiba e em Joaquim Távora.

Repercussão

O caso praticamente parou pacata cidade de pouco mais de 11 mil habitantes. Ao longo de todo o dia, dezenas de pessoas se aglomeravam próximo às fitas de isolamento. O quarteirão da Rua Tenente Ubirajara de Souza foi completamente interditado pelos policiais e as ruas perpendiculares também foram bloqueadas, de modo a evitar que as pessoas cheguem às esquinas da via.

Delegado da cidade há dez anos, Rubens José Peres disse que a cidade não está acostumada a ocorrências como esta. Os casos que a polícia normalmente atende em Joaquim Távora são pequenos furtos, embriaguez e violência doméstica. No ano passado, apenas um homicídio foi registrado. Neste ano, houve um assassinato.

A imprensa também acompanha a negociação a distância. A família mantida refém sempre viveu na casa onde permanecem rendidos por Joelson. Vizinhos parecem consternados pela forma como a paz do pequeno município foi rompida. Uma equipe da Gazeta do Povo acompanha a ocorrência na residência de um morador, localizada a 50 metros da casa onde estão os reféns.

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