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Quando os ponteiros do relógio marcam 17 horas, o pipoqueiro Luís Carlos Leite de Moraes, 50 anos, acende o fogareiro e coloca mais milho e óleo na panela: é a hora de faturar. O carrinho dele fica estrategicamente posicionado no cruzamento das ruas Desembargador Westphalen e André de Barros, a poucos metros do tubo da linha Bairro Novo. A fila que se forma do lado de fora da estação e dobra a esquina passa em frente ao pipoqueiro.

O cheirinho de pipoca e a angustiante espera pelo ônibus são a combinação perfeita para o negócio de Moraes. "Quem faz o ponto é o pipoqueiro", desconversa, quando perguntado se a localização ajuda nas vendas. Há três anos no local, ele precisou contratar uma funcionária para ajudá-lo no carrinho. "É muita gente que fica nessa fila", diz.

Assim como o pipoqueiro, a maioria dos comerciantes da Rua Westphalen não têm do que se queixar. O movimento intenso de pessoas é garantia de boas vendas para os lojistas. Maria Freitas, dona de um loja de roupas semi-novas em frente ao tubo do Curitiba/Araucária, se orgulha da decisão de ter largado o antigo ponto no Hauer e mudado para a rua há dois anos.

"A gente fica meio escondido, mas a quantidade de gente que passa por aqui compensa. Se tirar os tubos o comércio entra em crise", afirma. "É muito cômodo porque a pessoa faz sua compra e depois pega o ônibus em frente à loja para ir embora", concorda Lucimara Ferreira, gerente de uma loja de confecções.

O comerciante Nelson Sugeno, 45 anos, proprietário de uma loja de artigos esportivos, acredita que a localização dos tubos favorece as lojas mais populares. "A gente vê que 70% das pessoas que pegam ônibus aqui são mulheres e senhoras de idade. As lojas de roupa só podem ficar felizes. Mas esse não é o meu público", explica ele, que confessa não ter certeza se a retirada dos tubos melhoraria o seu negócio.

Um dos únicos insatisfeitos encontrados pela Gazeta do Povo é Juarez Munhoz Vieira, 60 anos, dono de uma ótica em frente ao tubo do Bairro Novo. Ele trouxe o negócio para a Westphalen há 14 anos, antes da instalação das estações do ligeirinho. "O tubo tampou a frente da minha loja e a prefeitura eliminou o estacionamento", diz. "A calçada também ficou muito estreita. As pessoas quase não olham para as lojas porque prestam mais atenção umas nas outras para não se esbarrarem", explica. Felizmente, diz Vieira, os clientes fiéis não abandonaram a ótica dele. (SLD)

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