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Brasília – Flagrado em conversa telefônica discutindo a partilha de dinheiro de origem duvidosa, o ex-senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) afirmou ontem, em depoimento à Polícia Civil de Brasília, que não cometeu nenhum crime porque tratava apenas de um negócio particular. O Ministério Público (MP) e a polícia, porém, estudam o indiciamento de Roriz por corrupção passiva e peculato. Ele renunciou ao mandato em julho para escapar do processo de cassação por quebra de decoro.

Na conversa, interceptada com autorização judicial no âmbito da Operação Aquarela, Roriz discute com o presidente do Banco de Brasília (BRB), Tarcísio Franklin de Moura, a partilha de um cheque de R$ 2,2 milhão, do empresário Nenê Constantino, principal acionista da Gol Linhas Aéreas. A operação desmantelou uma quadrilha acusada de desviar R$ 50 milhões do BRB e Moura foi preso como principal operador do esquema. "O que aconteceu foi uma negociação de cunho empresarial, não tem nada com questão pública", disse o ex-senador do PMDB do Distrito Federal à saída do depoimento, que durou cerca de cinco horas.

Roriz recusou-se a responder à maioria das perguntas e limitou-se a repetir o argumento, usado na defesa no Senado, de que, do cheque, só retirou a quantia de R$ 300 mil para compra de uma bezerra e ajudar um parente doente, tendo devolvido o restante a Nenê Constantino.

O empresário também prestou depoimento ontem e confirmou a versão do ex-senador do PMDB. Destemperado, Nenê Constantino provocou tumulto ao chegar à Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), ao agredir o jornalista Alan Marques, fotógrafo do jornal Folha de S.Paulo, e tentar atingi-lo com uma pedrada.

Roriz disse que, embora inocente, renunciou ao mandato por se sentir angustiado. Segundo o ex-senador, ele foi prejudicado no julgamento porque o caso coincidiu com as denúncias contra o presidente licenciado do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de ter despesas pessoais pagas pelo suposto lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. O teor dos depoimentos de Roriz e Nenê Constantino não foi divulgado porque o caso está sob segredo de Justiça. Na próxima semana, será tomado o depoimento de outros nove acusados, entre os quais, o ex-presidente do BRB.

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