O Ministério Público Federal (MPF) informou nesta quarta-feira (24) que denunciou 24 pessoas por crimes de tráfico internacional de drogas, organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e supressão de documentos. As denúncias foram oferecidas à 14ª Vara Federal de Curitiba, em consequência da Operação Ferrari, deflagrada no dia 15 de junho. A informação foi divulgada na manhã desta quarta-feira (24) pela assessoria de imprensa do órgão. Veja os denunciados aqui.
De acordo com o MPF, os crimes foram cometidos sob o comando ou em benefício dos quatro líderes da organização criminosa. O grupo agia no tráfico de drogas havia pelo menos dez anos e a denúncia especifica fatos criminosos comprovados que aconteceram em 2014 e 2015. Segundo o que foi apurado nas investigações, o patrimônio avaliado da organização já ultrapassa os R$ 40 milhões.
Além dos quatro líderes da organização, outras 20 pessoas foram denunciadas pelo MPF. Entre elas, não consta o nome do tenente-coronel Mauro Rolim de Moura. O ex-chefe do Estado Maior do 2.º Comando Regional da PM foi indiciado pela Polícia Federal por supostamente manter ligações pessoais com um traficante preso em Londrina durante a Operação Ferrari. Após o episódio, Moura pediu afastamento de suas funções.
De acordo com informações da Polícia Federal, durante a operação foram apreendidos R$ 634 mil em dinheiro, R$ 460 mil em cheques, 42 veículos de luxo, dois reboques, 27 caminhões, duas motos importadas, 37 celulares, uma arma e 91 relógios e joias. De acordo com o Ministério público Federal, todos denunciados permanecem presos em Curitiba.
Cerca de 300 policiais federais e 30 servidores da Receita Federal participaram da operação. As investigações começaram há cerca de 14 meses. De acordo com o delegado Elvis Secco, durante as investigações, os policiais seguiram o grupo por vias terrestres e aéreas para localizar os laboratórios de preparo da droga no interior do estado de São Paulo e nas proximidades de Salvador, na Bahia.
“Esses laboratórios têm valor de manutenção muito baixo e por isso podem ser facilmente desmantelados pelo grupo.”
Segundo as investigações, a pasta de cocaína entrava no Brasil pelo Paraguai - mas possivelmente tinha Colômbia ou Bolívia como origem. A base da droga era transportada semanalmente em pequenas quantidades para o interior de São Paulo e Salvador. Antes de chegar ao consumidor final, os traficantes aumentavam o volume do entorpecente com cafeína. “Em um dos casos, por exemplo, 53 quilos de pasta base de cocaína foram transformados em 178 quilos de droga vendida ao consumidor”, explicou Secco.
Segundo o delegado, o comércio da cocaína era realizado nas proximidades das instalações dos laboratórios. Questionado sobre a venda de drogas em Londrina, base da organização criminosa, Secco explicou que atividade não era realizada na cidade, que servia apenas como moradia para os traficantes que se apresentavam à sociedade local como empresários. O grupo agia há pelo menos dez anos.
O dinheiro obtido com a venda das drogas retornava à Londrina em malas transportadas sem qualquer cuidado especial em voos comerciais entre a Bahia e o estado de São Paulo. De acordo com o delegado, em 2014, a PF apreendeu uma dessas malas no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). “Depois disso, eles mudaram o modo operante e começaram a enviar o dinheiro para São Paulo e Paraná por vias terrestres. Cada mala transportava até R$ 600 mil.”
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