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Marlos - com Pedro Ken ao fundo - está confirmado entre os titulares | Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo
Marlos - com Pedro Ken ao fundo - está confirmado entre os titulares| Foto: Rodolfo Bührer / Gazeta do Povo

Reforma ameaça perfil técnico

Existe nova categoria de funcionários de alto escalão no governo. São ministros de perfil técnico, respeitados por seu conhecimento e, mesmo assim, ameaçados de perder suas funções no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na última reforma ministerial, em abril de 2006, Lula promoveu a ministro secretários-executivos de várias pastas, para suprir a saída dos titulares que disputariam eleições. A surpresa é que, em vez de se tornarem meros tapa-buracos, os substitutos demonstraram qualidades.

Agora, com a necessidade de fazer uma nova reforma ministerial para abrigar a base aliada, será preciso substituir parte dessa lista de ministros técnicos. Estão na zona de risco os ministros dos Transportes (Paulo Sérgio Passos), da Agricultura (Luiz Carlos Guedes), Desenvolvimento Agrário (Guilherme Cassel), Previdência (Nelson Machado), Educação (Fernando Haddad), Saúde (Agenor Álvares), Integração Nacional (Pedro Brito) e Esportes (Orlando Silva). Lula admitiu para aliados que se pudesse não mexeria na atual equipe, mas a tendência é que ofereça aos técnicos a secretaria-executiva das pastas ou bons cargos.

Brasília – A reforma ministerial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja há quase quatro meses será menor do que deseja fatia expressiva dos partidos aliados. Em conversas reservadas, Lula tem afirmado que, se dependesse dele, nem mexeria na equipe porque, no seu diagnóstico, o governo "está dando certo", com menos estrelas e mais técnicos. Pelos últimos cálculos do presidente, as trocas previstas para a segunda quinzena de março não devem atingir nem um terço dos 34 ministros.

Os maiores problemas residem em questões que envolvem ruidosas disputas entre governistas e imbróglios na seara do PT. Apesar de se divertir testando o humor da base de apoio com informações contraditórias, Lula ainda planeja levar a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy para o primeiro escalão. A dúvida é como encaixá-la no Ministério das Cidades sem causar grandes traumas para o PP, que hoje administra a pasta. A Executiva Nacional do PT reforçará na segunda-feira a indicação de Marta.

O segundo impasse diz respeito à indicação do ministro da Saúde. Lula acertou com o governador do Rio, Sérgio Cabral, a nomeação do médico José Gomes Temporão, mas a bancada do PMDB na Câmara esperneia. Motivo: tem outros cinco pré-candidatos à vaga, todos deputados, e não aceita Temporão.

O presidente também tem dúvidas sobre como contemplar o PDT, o mais novo integrante da coalizão. Quer desalojar o PT da Previdência Social para entregar ao PDT, desde que o nomeado seja o deputado Miro Teixeira (RJ), ex- ministro das Comunicações. Os pedetistas, porém, lutam para emplacar Carlos Luppi, presidente do partido.

Dissabores

O ringue político reserva outros dissabores a Lula, que pretende pôr o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) na Integração Nacional, mas procura uma fórmula para curar as feridas do PSB de Ciro Gomes – machucado com a derrota de Aldo Rebelo (PC do B-SP) na eleição para o comando da Câmara. O mercúrio do Planalto consiste em oferecer compensações em estatais aos socialistas, que perderiam Integração, mas permaneceriam em Ciência e Tecnologia.

"O PSB é aliado de primeira hora: estará não apenas no ministério como no segundo escalão", diz o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente da legenda.

A indecisão de Lula atinge, ainda, o terceiro andar do Planalto, onde fica o seu gabinete e o do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, responsável pela articulação política do governo. Ali não é segredo para ninguém que ele será remanejado para a Justiça, no lugar de Márcio Thomaz Bastos. Mas há um nó a desatar: quem ocupará a cadeira de Tarso. Lula sondou o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia (PTB), que resistiu, mas ainda pode mudar de idéia. Outra opção é o ex-governador do Acre Jorge Viana, do PT. Ao que tudo indica, Lula está gastando muito tempo e energia política para pouca mudança. "O timing do presidente é diferente: nós olhamos uma parte e ele precisa ver todos os lados", justifica Tarso.

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