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A Prefeitura de Curitiba pretende promover mudanças na Rua da Cidadania da Matriz (Praça Rui Barbosa), a fim de melhorar os serviços e o movimento no local. A instalação de um Armazém da Família (mercado que oferece produtos a preços populares), proposta apresentada na semana passada, no entanto, não agrada aos comerciantes e artesãos que já estão instalados no lugar. Alguns ameaçam voltar ao comércio ambulante e irregular na rua - de onde muitos, aliás, saíram para se intalar dentro da Matriz.

O projeto tem nova rodada de discussões hoje, às 14 horas, numa reunião entre representantes dos comerciantes e técnicos da prefeitura. Amanhã, a Comissão Técnica do Mercado Central decide se aprova o novo armazém.

O principal problema é o espaço que seria ocupado pelo equipamento. Hoje, a Matriz reúne o Mercado Central, onde estão 548 boxes comerciais, e Rua da Cidadania, que presta diversos serviços públicos. Apenas 380 pontos comerciais estão efetivamente funcionando, segundo dados da Associação do Mercado Central (Amec). A presidente da associação, Maria José de Oliveira, reclama que - apesar do "vácuo" - a Urbs (autarquia da prefeitura que administra o local) não realiza licitação para que novos comerciantes possam ocupar os boxes desde 2003. "Recebo, por dia, a visita de cerca de 40 pessoas interessadas", afirma ela. "Mas parece que a prefeitura que é fechar e não reabrir pontos." O diretor administrativo da Urbs, Ricardo Smijtink, no entanto, diz que não há licitação justamente por falta de interessados em ocupar o local. "Estão vazios por falta de interesse de mercado."

Para a instalação do Armazém da Família é necessária a reorganização dos boxes - e os comerciantes não querem perder espaço. De acordo com Maria José, a proposta da prefeitura é construir um armazém de 400 m· – o equivalente a 93 pontos inativos. "Não somos contra a vinda do armazém, mas que façam no espaço da Rua da Cidadania e não no nosso", diz.

A comerciante Cristina Martins Lopes, 25 anos, também não gosta da idéia. Cristina cuida da banca de bichos de pelúcia do seu sogro, instalada há nove anos no Mercado Central. "Não é interessante para nós. Acho que isto deveria ser mais bem discutido."

Os comerciantes que possuem boxes localizados no corredor central, na área próxima a entrada da Rua Pedro Ivo, para onde deve ir o Armazém da Família, avisam que não querem sair dali. A comerciante Laíde Bernardes Machado, 50 anos, reclama ainda que na época em que era ambulante na Rui Barbosa, o seu faturamento era melhor. "Para onde eu vou se me tirarem daqui? Só se voltar para a rua de novo."

O secretário municipal do abastecimento, Norberto Ortigara, afirma que a prefeitura não está "desesperada" para construir o Armazém da Família na Rua da Cidadania da Matriz. "O mote principal é levar gente para dentro do mercado, que está sofrendo com a concorrência externa e com pouco movimento", diz. De acordo com Ortigara, a proposta da prefeitura não está fechada. Não há definição do tamanho (do armazén) nem de onde será construído. Há também a proposta de construir um novo restaurante popular, com capacidade para servir duas mil refeições por dia. "Não temos espaços na Rua da Cidadania para abrigar essas duas coisas", diz.

A prefeitura mantém 19 Armazéns da Família na capital. Eles comercializam 137 itens de produtos alimentícios, de higiene e limpeza para famílias com renda de até três salários mínimos, cadastradas no programa. Segundo levantamento feito pela adminsitração municipal, no entorno do mercado central vivem seis mil famílias com renda de até três salários mínimos - um bom público para o armazém, portanto.

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