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Gravação

Uma voz feminina combina que não vai entregar Luiz na delegacia

• Luiz: "Então, se você fica de frente comigo lá (delegacia) e mostram eu (sic) pra você? E daí o que que você vai dizer?"

• Mulher: "Eu vou dizer que eu não vi."

• Luiz: "Você vai dizer que você não viu, que não era eu?"

• Mulher: "Que não era você, lógico."

Luiz fala sobre o tiro e a indenização

• Luiz: "O que tá mais repercutindo foi praticamente o tiro que você pediu pra dar em você, cara."

• Luiz: "E a indenização, você vai ganhar alguma coisa?"

• Mulher: "150 mil reais eu vou pedir."

• Luiz: "Você vai pedir 150 mil reais de indenização?"

• Mulher: "Ahã."

Voz feminina garante que o plano vai dar certo

• Mulher: "Você acha que eu vou te entregar? Pára, né, Luiz (risos)."

• Luiz: "F..., se você bolou, você sabe o que você faz."

• Mulher: "Exatamente! Ah, agora você tá falando a minha língua."

• Luiz: "Ah, então tá bom."

• Mulher: "Você acha que eu vou brincar, assim, com as coisas?"

• Luiz: "Tá certo então."

Uma fita com uma gravação de cerca de sete minutos que mostra o suposto envolvimento de Patrícia Cabral da Silva, 22 anos, no assalto ao posto de gasolina na esquina da Avenida Sete de Setembro com a Desembargador Westphalen, em Curitiba, em maio, foi entregue ontem ao delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos, Rubens Recalcatti. Patrícia, que é funcionária do posto e estava grávida quando foi baleada durante o assalto, deve ser ouvida novamente pela polícia ainda esta semana. A fita será encaminhada à perícia para verificação da autenticidade da gravação e da voz de Patrícia. O resultado deve sair em cerca de dez dias.

"Eu ouvi a fita, mas não vou tecer opinião antes do resultado da perícia. Caso seja comprovada a autenticidade dela, o juiz decide se aceita como prova ou não", explica Recalcatti, referindo-se ao fato de a gravação não ter sido feita por ordem judicial. O material foi levado ao delegado por José Carlos Veiga, advogado de Sidimar Tiago Oliveira, 26 anos, suspeito de ter atirado em Patrícia e preso desde o último dia 3, depois de ter se entregado espontaneamente à polícia.

De acordo com a gravação, Patrícia seria a mentora do crime. Na gravação, um dos acusados que está foragido, Luiz Carlos Cândido, 31 anos, teria tido uma conversa com Patrícia em que ela supostamente revela sua participação. Na fita, a voz de uma moça tranqüiliza o rapaz sobre uma possível punição e revela que vai pedir indenização de R$ 150 mil. "A fita tem características e nuances que somente quem trabalha no posto poderia dar essas informações. Não tenho dúvidas em relação à veracidade do material", afirma Veiga.

O próprio advogado foi quem aconselhou os rapazes a fazer a gravação no dia 25 de maio, quando as investigações ainda apontavam como suspeitos outros três homens. Segundo Veiga, a fita só foi divulgada agora a pedido dos próprios acusados. "Eles queriam esperar que a Patrícia tivesse o nenê antes", afirma.

O advogado sustenta que Oliveira, Cândido e um terceiro suspeito foragido, Márcio Leonardo Resende, 23 anos, costumavam freqüentar o posto de gasolina em que Patrícia trabalhava. Dessa forma, argumenta Veiga, a moça teria planejado, orientado os rapazes no crime e pedido que eles dessem um tiro de raspão nela para que pudesse pedir a indenização.

No dia do assalto, durante a fuga, Oliveira teria esquecido dessa parte do plano. Por isso, teria retornado ao local para fazer o combinado, como mostram imagens gravadas no circuito interno. Ela, entretanto, teria se mexido no momento do tiro. A bala – que por decisão médica não foi retirada do organismo de Patrícia – entrou pelo lado direito do abdome, passando à distância de 3 milímetros do feto e a seis centímetros do coração da moça. "Os rapazes não sabiam que ela estava grávida. Eles dizem que se soubessem não teriam coragem de atirar", afirma o advogado.

Patrícia não foi localizada ontem em casa e nem pelo celular para comentar o assunto. A irmã dela, Javiane Cabral, informou que ela saiu da cidade com a mãe, Otília dos Santos Cabral da Silva, mas não quis revelar o porquê. Segundo a família, Patrícia só falará com a imprensa quarta-feira, depois de conversar com Recalcatti. "Estamos tomando conhecimento da situação. Dependendo do que o delegado disser, tomaremos providências", afirma Javiane. Recalcatti afirma que Patrícia entrou em contato com ele semana passada e disse estar interessada em prestar depoimento espontaneamente. "Ainda não tem data certa. Vamos esperá-la essa semana. Se ela não vier, posso intimá-la", diz o delegado.

Reviravoltas

O material apresentado ontem é uma segunda reviravolta nas investigações do caso. Logo após o roubo, outros três rapazes chegaram a ser presos e um deles chegou a ser reconhecido por Patrícia. "Quando vi a foto dele, usando boné, comecei a chorar. Nunca na minha vida vou esquecer aquele rosto", disse ela na época. Na fita entregue ontem, a voz feminina da gravação revela que o falso reconhecimento fazia parte do plano.

Um mês após o crime, a polícia encontrou o cofre levado no assalto em um poço desativado no bairro Fanny. A descoberta levou à primeira reviravolta nas investigações. Os três homens presos em maio, acusados pelo assalto, foram inocentados. Oliveira, Cândido e Resende passaram, então, a ser suspeitos.

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