O delegado Mauro Dias, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo, diz que Elize Matsunaga, presa na noite desta segunda-feira na Zona Oeste da capital paulista suspeita de matar e esquartejar o marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, de 40 anos, neto do fundador da empresa fabricante de alimentos Yoki, era "exímia atiradora".

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Segundo Dias, Elize e o marido treinaram tiros - ele era colecionador de armas. A suspeita, inclusive, entregou nesta segunda-feira - horas antes de ser presa - três armas à Campanha do Desarmamento. Uma delas tem calibre 765, o mesmo do projétil encontrado no corpo da vítima; segundo a polícia, o empresário morreu com um tiro na cabeça.

"Nós temos alguns indícios de participação da esposa, o que culminou no pedido de prisão temporária dela", diz o delegado Dias.

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A principal hipótese, segundo a polícia, é de crime passional. A hipótese de alguma relação entre o crime e a venda da Yoki para um grupo americano é praticamente descartada.

"Elize fez curso técnico de enfermagem, pelo que apuramos. Ela doou ontem armas da vítima à Campanha do Desarmamento, à Guarda Municipal de São Paulo, e entre elas está uma calibre 765. Ele era colecionador, um 'bom vivant', muito estudioso e inteligente. Há indícios de traição da parte dele baseados em fatos reais", acrescentou o delegado Jorge Carrasco, diretor do DHPP.

A vítima, segundo a polícia, foi morta com um tiro à queima-roupa, e depois esquartejada. Pedaços do corpo foram desovados em uma estrada de Cotia, na Grande São Paulo. De acordo com o delegado Jorge Carrasco, o casal foi filmado por câmeras de segurança do prédio onde morava no início da noite do dia 19 de maio, um sábado. Logo depois, a vítima desce para buscar uma pizza, e não mais aparece nas imagens do circuito interno do condomínio. Eloiza é vista no dia seguinte, domingo, no fim da manhã, deixando o apartamento com três malas. Ela retornaria ao local no fim da noite, sem as malas.

No dia 22 de maio, o irmão de Marcos registrou boletim de ocorrência do desaparecimento do empresário. Segundo a polícia, a família dele "colaborou com o desfecho" do caso. Dias depois, alternadamente, foram encontradas partes da vítima em sacos plásticos de lixo similares aos utilizados no apartamento do casal. A cabeça foi encontrada dia 27 e o reconhecimento do corpo por parte de familiares, feito um dia depois. O enterro do empresário aconteceu na tarde desta terça-feira.

Em depoimento informal, a suspeita disse à polícia que viajaria para o Paraná no domingo (20), sua terra natal, mas desistiu. O casal havia dispensado uma das babás da filha de um ano na noite do sábado. Na manhã do domingo, a segunda babá chegou para trabalhar, mas não notou algo de diferente na casa, segundo depoimento dado aos policiais - o delegado Jorge Carrasco disse, no entanto, que ela tem acesso restrito a algumas áreas do apartamento.

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A polícia disse que o casal não andava com escolta particular feita por policiais militares. A vítima tinha um seguro de vida no valor de R$ 600 mil, cujas beneficiárias eram a mulher e as duas filhas de Marcos - ele tinha uma outra filha do primeiro casamento. O empresário e Elize casaram há dois anos.

Os delegados que investigam o caso disseram, ainda, que a suspeita é destra, e que o tiro teria sido dado por uma pessoa destra. Disseram, também, que "a casa tinha mais geladeiras que o normal" e que a possibilidade das partes da vítima terem sido congeladas antes da desova está sendo investigada. A polícia disse ainda não ter comprovação de que os peritos, através do luminol, reagente químico utilizado para detectar vestígios de sangue, tenham encontrado material orgânico da vítima no apartamento.

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