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A costureira L., de 40 anos, ainda teme pela própria segurança e da sua família. A mulher contabiliza os saldos da tragédia: uma filha morta e outra torturada nas mãos de um criminoso.

Gazeta do Povo: Enquanto esteve com Jacobi, sua filha telefonava para dar notícias?

Mãe da mulher torturada: Ela ligava para casa todo mês. Ela falava, ‘mãe, eu estou bem. Não se preocupe’. Eu escutava ele falando no fundo: ‘Fala para a tua mãe que você está bem, estudando, trabalhando’, mas eu sabia que ela estava sofrendo. As pessoas diziam que ela estava lá por livre e espontânea vontade. No entanto, agora, ela conta que sempre falou comigo sob a mira de um revólver.

A senhora pode dizer o que ele fez durante o cativeiro?

Não posso nem lembrar, que eu já fico ruim. Ela ingeriu fezes, manteve relações com animais, estava com o corpo queimado e outras coisas. Ele barbarizou, ele é um monstro. É pior do que o diabo. Veja o que ele fez com a nossa família. Destruiu a nossa família.

Como sua filha está?

A minha filha está bem perturbada, tem muito medo, só reza e agradece a Deus por estar viva, fala que vai se recuperar. Mas acorda à noite gritando, pedindo ajuda, dizendo, ‘ele vai me matar’. É um trauma muito pesado. A minha filha precisa de um tratamento longo e demorado para voltar ao normal. Se você visse ela antes... era linda. Trabalhava numa clínica de odontologia, estudava, fazia cursos. E ele destruiu tudo.

Há uma explicação para essas atitudes?

Não tem. Ele batia, quase matava e depois agradava, dizendo que a amava, comprava chocolate. Ele é um maníaco, um psicopata. Ele alegava ciúmes, falava que ela tinha saído com todo mundo na clínica. Todos os dentistas eram amantes dela, os professores da escola, era um ciúme doentio.

Ele a mantinha trancafiada, sob ameaças?

Sim. Às vezes, ele a soltava para comprar pão, alguma coisa, para comprar doce, mas falava que se ela fugisse, já sabia quem morreria. Daí, ela pensava em fugir, mas, ao mesmo tempo, começava a pensar no que aconteceu com a irmã, e batia o medo. Ele só a entregou porque ela ia morrer. Ela tomou veneno e álcool.

A senhora sabe de outros possíveis crimes que ele teria cometido?

Ele batia na primeira mulher, esfaqueou a segunda mulher e torturou a minha filha. A primeira registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Colombo. A segunda fugiu porque não agüentava mais. A minha filha tomou veneno para parar de sofrer.

Por que ele conseguiu ficar tanto tempo foragido?

Lutamos muito para a sua prisão. Quem me ajudou muito foi a promotora Danielle (Thomé) nesses nove meses de sofrimento e tristeza. Ela colocou dois policiais para tentar localizar a minha filha. Mas cada vez que eles se aproximavam, achavam uma pista, ele desaparecia.

O que a senhora espera agora?

Eu quero Justiça. A minha vida está transtornada, toda a família. Eu quero que ele nunca mais saia da cadeia. Ele tirou uma pessoa que eu amava, e depois torturou a outra, sabendo o modo que eu criei as minhas filhas, com muito carinho. As meninas eram tão alegres, felizes, estudavam, trabalhavam. Não é justo ele ficar solto. Exijo justiça, sou cidadã, trabalho. Hoje ele fez comigo, amanhã fará com outra pessoa. (JNB)

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