Em seu discurso, a funcionária trans afirmou que “existem meninos e meninas, e que isso pode ser construído ao longo do tempo”| Foto: Reprodução/Redes sociais
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Um discurso realizado para alunos de aproximadamente 10 anos em uma escola pública de educação básica da região de Cuiabá, no Mato Grosso, foi questionado por parlamentares na última terça-feira (26). Em vídeo, com repercussão nas redes sociais, uma mulher trans explica para as crianças que o gênero pode ser construído ao longo do tempo e que quem quiser pode se relacionar com pessoas do mesmo sexo.

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“Querem de toda forma doutrinar as nossas crianças nas escolas”, criticou a deputada federal Amalia Barros (MT-PL), ao republicar o vídeo que mostra a funcionária trans no momento em que falava com as crianças que estavam em fila no pátio da instituição.

“A gente precisa entender que existem meninos e meninas e que isso pode ser construído ao longo do tempo”, afirma a mulher trans, de vestido, na gravação. “Eu quando nasci, nasci do sexo masculino, todo mundo já sabe. Porém, quando cresci, fui percebendo que eu não me identificava como menino. Eu gostava das coisas de menina”, continuou, ao explicar que os alunos precisavam respeitar pessoas como ela.

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“Se o menino gosta de outro menino, se uma menina gosta de outra menina ou se gosta de menino e menina, isso importa a quem? Só a ele mesmo, só a ela mesma e a quem vai querer se relacionar com ele ou com ela”, disse.

Na exposição, a funcionária ainda compara o caso à liberdade de religião ao questionar os alunos se “seria certo entrar em um terreiro porque sou evangélica ou católica e jogar pedra e quebrar tudo”. Os estudantes respondem que “não”, e ouvem ela afirmar que piadas a respeito gays, lésbicas ou pessoas trans são passíveis de punição grave.

“Os pais de vocês, caso vocês o façam, podem ser punidos com prisão de um a cinco anos porque é coisa séria”, enfatizou. “Meninos com corpos masculinos que usam vestido e que falam como mulher devem ser respeitados e não são motivo de piada”, alertou.

O discurso para crianças foi denunciado por parlamentares 

As afirmações incomodaram os deputados e alguns pais, principalmente por terem sido direcionadas a crianças, ainda em formação. “Entrarei com um requerimento de moção de repúdio na comissão de educação”, prometeu.

O deputado estadual Gilberto Cattani (PL), do Mato Grosso, também se manifestou nas redes sociais, prometendo protocolar denúncia no Ministério Público Estadual e pedir providências para a Secretaria de Educação. “Em Mato Grosso não iremos permitir que doutrinação em escolas fique impune”, garantiu.

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Já o deputado mato-grossense Elizeu Nascimento (PL) questionou os pais a respeito da situação. “Você pai, está satisfeito com este tipo de ensinamento que seu filho recebe na escola?”, perguntou em sua página no Instagram. “Como deputado estadual, militar e representante da população, repudio essas imagens”, escreveu, alertando que não se pode aceitar “que crianças virem reféns de ideologia dentro de ambiente escolar”.

Prefeitura afirma que o fato foi “isolado” 

A Prefeitura de Várzea Grande, onde o caso foi registrado, emitiu nota oficial em que afirma não praticar ideologia de gênero em nenhuma de suas secretarias ou órgãos municipais. Na declaração, explica que o fato foi “isolado”, sendo a “manifestação de um profissional da área de Educação”.

A prefeitura informou ainda ser “contra qualquer tipo de discriminação de raça, cor, credo ou qualquer manifestação pública” sobre o tema nas escolas da cidade, e prometeu buscar “o devido esclarecimento dos fatos, que teriam sido motivados pelo tratamento discriminatório contra o profissional da educação e contra alguns alunos”.