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Ivone Lima da Silva diz que as mulheres têm espaço em canteiros de obras por serem mais caprichosas que os homens | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Ivone Lima da Silva diz que as mulheres têm espaço em canteiros de obras por serem mais caprichosas que os homens| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

Historicamente dominado pelos homens, o setor da construção civil poderá ficar um pouco mais feminino daqui para frente. No Paraná, Distrito Federal e Mato Grosso, deputados estaduais apresentaram projetos que reservam 5% das vagas em obras públicas para mulheres.

No caso paranaense, a proposição determina que a obrigatoriedade da reserva de vagas conste em todos os editais de licitação e contratos diretos divulgados pelo Executivo para a realização de obras. De autoria do deputado Plauto Miró (DEM), o projeto ainda obriga que a reserva de vagas seja para cargos na área operacional das obras, o que não enquadra funções nos setores de limpeza, faxina e administrativo.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, no Paraná, o setor da construção civil emprega 136 mil pessoas – 93,1% do sexo masculino e 6,9% do sexo feminino. De acordo com Miró, a nova medida deve aumentar a participação das mulheres nesse espaço predominantemente masculino.

O projeto no Paraná já foi aprovado em primeira discussão na Assembleia, mas ainda não está pronto para ser sancionado. "Queremos que as mulheres tenham espaços garantidos neste mercado. E que o projeto possa ser o primeiro passo para que outros segmentos também contratem mais mulheres", afirma o deputado.

Capricho

O projeto animou a carpinteira Ivone Lima da Silva, 30 anos, que desde 2009 trabalha no setor da construção civil. Para ela, o gênero não importa na hora de executar o trabalho e o preconceito não existe. "Existem funções em que a mulher é muito mais caprichosa", conta.

Antes de trabalhar em obras, Ivone diz já ter feito de tudo. "Fui atendente, lavadora de carros", diz. Mas nenhuma função atraiu tanto sua atenção como a construção civil. "Mesmo ganhando um pouco menos, eu gosto do que faço", explica.

A secretária de Formação do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil do Paraná, Maria Neuza Lima de Oliveira, diz que o machismo que existia no setor diminuiu nos últimos anos e, aos poucos, as mulheres conquistaram o espaço. "Este projeto vai aumentar a participação das mulheres, que, em muitos aspectos, são melhores que homens, mais detalhistas", afirma.

Segundo Maria Neuza, o Paraná está avançando. "Em outros estados é muito comum ver mulheres na função de mestre de obras, e não apenas de servente. Precisamos avançar aqui. O machismo que resiste em algumas obras deve ser quebrado", defende.

Para Antônia Passos, do Fórum Popular de Mulheres, todas as políticas afirmativas que insiram mulheres nos processos sociais, políticos e econômicos são benéficos. "Sou a favor da igualdade em todos os segmentos. E a construção civil é um deles", diz.

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