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Quando todos nós ti­­ver­­mos partido e se escrever uma correta história do jornalismo impresso do Paraná, o nome de Mussa José Assis terá de ser tomado como o mais seguro ponto de referência. Ninguém conheceu tanto o jornal, no seu todo – oficinas gráficas, as imensas usinas que eram as linotipos, a clicheria de onde se gravavam as ilustrações, as rotativas, a circulação, o mundo das redações e os bastidores da notícia – quanto o bom "Turco".

Eu posso falar como testemunha privilegiada da vida e obra de Mussa. Começamos juntos na vida de jornal, chegamos a morar na mesma pensão, em 1960, do seu Kid Galliano, avô de Guaraci Andrade, ali na Comendador Araújo, esquina com a Desembargador Motta.Fizemos um concurso para admissão no Última Hora do Paraná: ele levou a melhor, era mais preparado, vinha de uma boa formação que então os seminários católicos davam (foi secundarista capuchinho).

Era quase um guri ainda quando, no começo dos 1960, pré-gol­­pe militar, foi secretariar a edição nacional do UH, então o mais importante jornal brasileiro em circulação, em São Paulo. Daqueles tempos difíceis ficaram lembranças de "sustos" dados pelo Dops paulistano, que não o entendeu trabalhando para Samuel Wainer e os janguistas.

O vigor, o talento e a paixão de Mussa pela notícia e a necessidade que tinha de vê-la circulando no papel garantiram à vida paranaense capítulos de nossa história só registrados por sua paixão por jornal.

Mussa partiu ontem e, de certa forma, não foi um "furo": sabíamos que estava doente. Ficamos tristes. Mas nos consola a certeza de que boa parte do dia a dia do século 20 vivido no Paraná só foi documentado porque o Mussa existiu.

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