• Carregando...
Entrada da aldeia Yryapu, que abriga 86 famílias | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Entrada da aldeia Yryapu, que abriga 86 famílias| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Realidade

Situação dos indígenas é preocupante nas três fronteiras

A condição dos índios guarani na fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina é preocupante. Em Ciudad del Este, no Paraguai, indígenas mendigam pelas ruas e sofrem exploração sexual. Em Puerto Iguazú, muitos ainda são vistos vendendo artesanato, plantas ou pedindo esmolas. Alguns deles cruzam a fronteira e buscam a sorte em Foz do Iguaçu.

No lado brasileiro, a situação é grave pelo conflito agrário entre índios e proprietários rurais, no Oeste do Paraná. Um dos focos fica nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, onde 13 áreas estão ocupadas atualmente pelos indígenas. Eles afirmam que as terras pertencem a seus antepassados.

População

Em toda a Província de Misiones, na fronteira com o Paraná, existem 105 comunidades indígenas. A Yryapu é a única que tem um projeto turístico gerenciado pelos próprios índios. Com cerca de 50 mil moradores, Puerto Iguazú, na Argentina, tem 5% da população formada por guaranis. Lá estão as duas maiores aldeias de Misiones, uma delas a Yryapu.

  • Raul mostra armadilha usada por ancestrais para caçar
  • Comunidade indígena da tríplice fronteira tem 265 hectares
  • Artesanato em madeira e palha é vendido aos turistas
  • Arno Benitez mostra habilidade ao esculpir um tucano

Uma aldeia mbyá guarani de Puerto Iguazú, na Argentina, encontrou no turismo o caminho para a autossustentabilidade e hoje serve de exemplo para o mundo. Os índios se tornaram empreendedores, fundaram uma agência de turismo comunitária e profissionalizaram o ofício de receber visitantes na tribo, situada a 10 minutos do centro de Puerto Iguazú, cidade vizinha a Foz do Iguaçu.

A empresa, gerenciada por dois jovens indígenas, emprega outros 17 moradores da aldeia chamada Yryapu (barulho das águas). Os guarani acompanham os turistas em passeios g uiados e fazem peças de artesanato para vender. Pelo menos 10% da renda é direcionada à comunidade. Outros 5% vão para o cacique e 75% são reinvestidos na própria empresa. "O turismo foi uma saída para a comunidade seguir sem caçar e derrubar árvores. Queremos dar exemplo para outras comunidades", diz Raul Correa, 25 anos, coordenador da agência. Em períodos de alta temporada, a aldeia recebe cerca de 30 visitantes ao dia, a maioria estrangeiros.

Antes de oficializar o empreendimento, em março deste ano, os guarani foram treinados no Projeto Mate (Modelo de Autogestão para o Turismo e Emprego). O projeto é desenvolvido desde 2007 em uma escola da aldeia onde os índios aprendem inglês, espanhol e computação, entre outras disciplinas. Eles são capacitados para se tornarem empreendedores e gerenciarem o próprio negócio. Os recursos são oriundos dos governos da Argentina e do Canadá.

A comunidade Yryapu, que tem 265 hectares, reúne 86 famílias. Além do turismo os índios sobrevivem da plantação na própria aldeia e da venda de artesanato. Os guarani recebem turistas há seis anos, mas só agora conseguiram implantar um modelo de gestão autossustentável.

Armadilhas

Os turistas que visitam a aldeia percorrem uma trilha de aproximadamente 300 metros. Durante o trajeto, os guias mostram seis diferentes tipos de armadilhas que eram usadas por ancestrais. Cada trampa era direcionada para caçar uma espécie animal, incluindo onça, tatu e veado. A armadilha para onças, chamada Trampa Mondepi Guachu, precisa de dez homens para ser armada.

Algumas armadilhas são feitas apenas para prender os animais. Outras, para abatê-los. Animais, incluindo macacos e uma diversidade de aves, podem ser observados durante o passeio, que ainda dá direito a paradas regulares em meio à selva para observar árvores centenárias, algumas identificadas pelo nome. Uma delas é uma peroba de quase 40 metros de altura.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]