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São Paulo – O estilista Ronaldo Fraga mostra mais uma vez que não é só um criador de moda, mas também um homem comprometido com o seu tempo. No desfile que fechou a sexta-feira da São Paulo Fashion Week, o mineiro apresentou uma coleção inspirada na China contemporânea, com todo seu contraste cultural e seu crescimento predatório. Fraga mantém sua linha criativa e ainda assim consegue mostrar algo de novo, emocionando o público pela primeira vez nesta edição.

Fincada em um trabalho rigoroso de pesquisa – ele esteve duas vezes no Tigre Asiático –, ele registrou em estampas digitais símbolos distintos, como animais indo para o matadouro, multidões, CDs piratas, sapatos e perucas. Sua tradução chinesa reproduz os milenares quimonos, traz calças patas de elefante e mangas amplas para mulheres e uniformes da época de Mao para os homens.

Na cenografia de Clarissa Neves e Paulo Waisberg, Fraga reproduziu um refeitório de uma fábrica, onde trabalhadores usando uniformes de marcas copiadas na China se alimentam com hashi. No gran finale, os modelos entram na passarela com os cabelos em cones soltando fumação – seria uma homenagem a essência do lado zen chinês ou mais uma ironia à poluição que toma toda a China?

Em tempo: Ronaldo Fraga é consultor do pólo calçadista de Nova Serrana, cidade mineira conhecida por fabricar imitações de grifes famosas de calçados. Com isso ele pretende contribuir para que os fabricantes da região comecem a produzir coisas autorais e não cópias. O resultado apareceu nos pés dos modelos deste desfile de inverno.

Ontem, desfilaram na SPFW Maria Bonita, Simone Santos, Lorenzo Merlino, Neon, Fabia Bercsek, Vide Bula e André Lima.

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