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Curitiba – Mal começou o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os partidos só falam em seu substituto em 2010. É cedo, mas a movimentação é compreensível. Sem candidato à reeleição – o terceiro mandato de Lula ainda é ficção –, aumenta a necessidade de negociar alianças o quanto antes. Além disso, sem a regra da verticalização que obrigava a repetição das coligações nacionais nos estados, as inúmeras possibilidades de agrupamento de legendas deixarão o clima tenso nos próximos quatro anos.

Uma das principais metas dos partidos da base aliada é garantir um lugar na coalização que receberá o apoio de Lula. Ninguém sabe como vai se comportar o presidente, se tenderá a forçar o PT a aceitar um candidato de outra legenda ou se, até o fim das negociações, optará por um correligionário. O poder de transferência de votos de Lula também é uma incógnita. Desde 1989, uma fatia de cerca de 35% do eleitorado se manteve fiel ao petista – 2010 será a primeira eleição depois da ditadura sem a participação de Lula. O consenso é, no entanto, que o presidente não conseguirá transferir 100% dos seus votos para quem quiser e terá mais chances se apoiar um candidato mais ao centro. E o PMDB, neste quadro, é a melhor opção.

O PT, por mais que seja o partido de maior preferência da população – 20%; em segundo lugar está o PSDB, com 7% –, terá de suar muito para não perder expressão. Dividido internamente, principalmente por causa dos escândalos de corrupção, e sem novos nomes com visibilidade no cenário nacional, não pode e nem rachará com Lula. O partido trabalhará pela candidatura própria, mas terá de suportar alianças se a tentativa não der certo. "Sem Lula, o PT perderia votos nas eleições legislativas, sairia enfraquecido", analisa Fernanda Machiaveli, cientista política da Tendências Consultoria.

Outras legendas socialistas podem até ameaçar, porém, não vão se afastar de Lula. E nem Lula delas. O presidente deve preparar seu herdeiro em sigilo, sem que a divulgação de um nome na hora errada atrapalhe sua governabilidade. "E não se pode duvidar que, para não desagradar a ninguém, Lula acabe por apoiar até dois candidatos, ficar em cima do muro", avalia Eduardo Nobre, advogado especialista em direito eleitoral, em São Paulo.

A oposição, a seu lado, não perde tempo e traça estratégias para vencer em 2010. Os governadores recém-empossados do PSDB, José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais, são, por enquanto, as principais alternativas no ninho tucano. O DEM, a seu lado, por enquanto sem candidato forte, precisará encontrar uma fórmula para deixar de perder filiados. Para o historiador Américo Freire, da FGV, em São Paulo, o otimismo da oposição é precoce. "A oposição, por enquanto, aproveita a conjuntura da crise aérea, no Congresso e no Senado. O único problema é que ela não está muito articulada, e sabe disso. Se, por um lado, consegue manter o governo na defensiva, por outro não está expressando em um programa suas soluções. O ambiente está pesado e deve permanecer assim até 2010", finaliza.

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