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Problema provoca perda de 10% do PIB

Acidentes de trabalho e doenças ocupacionais fazem com que cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países da América Latina sejam perdidos. O estudo é do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Cada caso desse tipo implica em gastos extras, perda de tempo, redução de produção e desfalques na mão-de-obra.

No caso da indústria de óleos Imcopa, em Araucária, na região metropolitana de Curitiba (RMC), toda a produção de derivados de soja foi interrompida por um dia – o que representa uma perda de cerca de R$ 1,1 milhão, se comparado com o que foi exportado pela empresa no primeiro trimestre deste ano. Um dos setores da empresa continua parado.

De acordo com a Imcopa, a indústria também arcou com todas as despesas médicas e hospitalares dos funcionários feridos durante a explosão de dois tanques de álcool, além dos gastos com os funerais das quatro vítimas. As investigações do acidente continuam a ser conduzidas pela Delegacia de Araucária. "Estamos concentrados se houve alguma norma de segurança que foi negligenciada", afirma o delegado Agenor Salgado Filho. Os laudos que apontam as causas do acidente devem ficar prontos na próxima semana.

Nos próximos 60 segundos, três pessoas estarão morrendo no mundo devido a acidentes ou doenças ocupacionais ligados ao trabalho. No total, são cerca de 2 milhões de mortes dessa natureza estimadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), durante o ano todo. Ontem, na véspera do Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, pelo menos duas pessoas morreram em acidentes de trabalho no Paraná. O operador de máquinas Jeferson Rodrigo Dahmer, 25 anos, morreu em Araucária, na região metropolitana de Curitiba (RMC), com a explosão de um pneu de caminhão em uma borracharia. Já o frentista Valdir Sebastião Laureano, 40 anos, foi vítima de um incêndio em um posto de combustíveis de Londrina, no Norte do estado.

Policiais da Delegacia de Araucária contaram que Dahmer consertava um pneu desgastado no momento da explosão. Uma parte da roda foi lançada contra a cabeça do rapaz, que morreu na hora. De acordo com a irmã de Dahmer, o rapaz ajudava o pai na borracharia havia três meses. "Ele sempre foi o braço direito do meu pai para tudo. Saiu do emprego para fazer um curso de mecânica e veio trabalhar aqui", conta Patrícia. Ele era casado e deixa um filho de 2 anos e meio. "Foi uma fatalidade." O sepultamento será hoje, às 14 horas, no Jardim da Pendência, em Araucária.

Em Londrina, o acidente aconteceu enquanto Laureano trocava o combustível do tanque do carro de uma cliente. Haviam sido colocados 20 litros de gasolina em vez de álcool. Com o auxílio de uma mangueira, a gasolina era passada para outro recipiente. Acredita-se que uma fagulha teria provocado o incêndio. O frentista teve 100% do corpo queimado e não resistiu aos ferimentos. O colega Robson Luís Santana, 26 anos, teve o rosto e a perna queimados e continua em observação no hospital.

Outras vítimas recentes de acidentes de trabalho são Armindo Ferrari, 63 anos, Douglas Erik de Souza, 18 anos, Vinícius Vieira, 20 anos, e Onivaldo Pereira de Barros, 36 anos. Os quatro morreram devido as queimaduras que sofreram com a explosão de dois tanques de álcool da indústria de óleos Imcopa, também em Araucária, enquanto trabalhavam em obras no local. Os três últimos chegaram a ser socorridos, mas morreram no Hospital Evangélico, na capital. O acidente, ocorrido no dia 18, também feriu mais sete pessoas.

No Paraná, o Ministério Público do Trabalho (MPT) conduz atualmente 866 investigações relacionadas a irregularidades no ambiente de trabalho – 218 ligadas a mortes e acidentes, 27 a doenças e 621 a problemas que comprometem a saúde dos funcionários de organizações. Entretanto, a procuradora do trabalho Renée Araújo Machado considera que esses números não representam a realidade pelo fato de nem todas as ocorrências serem notificadas e de o mercado informal ser bastante representativo no país. "A gente atua aqui em cima de denúncias. Os números poderiam dobrar porque o trabalho informal é muito grande", afirma Renée.

Ranking

No ano passado, o Serviço de Saúde do Trabalhador da Secretaria Municipal de Saúde recebeu a notificação de 60 mortes em Curitiba provocadas por acidentes no ambiente de trabalho. De acordo com o chefe do serviço, Luiz Antônio Bittencourt Teixeira, notificou-se outros 968 acidentes de trabalho e 23 casos de doenças ocupacionais.

A construção civil é a campeã em acidentes graves ou com óbitos – responsável por 50% do total –, seguida pela indústria da madeira. Quando se trata de acidentes leves, como cortes e distensões musculares, a liderança vai para o setor de saúde. A procuradora afirma que as irregularidades mais preocupantes são encontradas em empresas menores. "O pequeno empresário às vezes peca pelo desconhecimento." Quando é apurada falha que coloque a saúde dos funcionários em risco, a empresa é notificada e recebe um prazo para corrigir o problema. "Hoje, a Delegacia Regional do Trabalho está muito mais didática do que multando", explica.

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