Saborear um bom churrasco brasileiro, de preferência uma suculenta costela. Este será um dos primeiros programas do professor de Química Vinícius Celante em sua volta ao Brasil. Depois de um ano e três meses trabalhando em Timor Leste, uma ilha no Sudeste Asiático, o curitibano de 25 anos teve de deixar o país na última quarta-feira, por causa do confronto entre dois grupos rivais, que começaram há dez dias. Ele chegou a Curitiba na madrugada de ontem, depois de dois dias e meio de viagem.

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Celante foi para o Timor Leste em abril de 2005, por meio de um programa de cooperação técnica entre países de língua portuguesa promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação. Ele deu aulas e participou do treinamento de professores na Universidade Nacional do Timor Leste, na capital Dili. Dos 47 professores brasileiros que participaram do programa em 2005, somente 26 ainda ficaram no país depois que os conflitos tiveram início. Celante era o único paranaense do atual grupo de ajuda.

O curitibano começou a perceber os problemas em abril. "Foi quando começamos a escutar os primeiros tiros", lembra. "Começaram a aparecer os primeiros atos de vandalismo, as primeiras casas queimadas." Medo mesmo ele sentiu quando viu um tiroteio. "Estávamos no Ministério da Educação, tentando entrar em contato com nossas famílias, e de repente ouvimos tiros. Estávamos longe de casa e ficamos três horas escondidos na casa de um amigo." Os conflitos no Timor começaram em março, com a demissão de 600 soldados. Depois disso, policiais e militares começaram a entrar em confronto, o que exigiu a presença de tropas internacionais. Pelo menos 20 pessoas morreram e cerca de 25 mil estão refugiadas.

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Para Celante, a experiência valeu a pena. "Se tiver oportunidade, vou de novo para fora do país", afirma o morador da Barreirinha. O curitibano chegou a aprender um dialeto local, o tétum, para se comunicar melhor, mas dava aulas em português.

No início, o que ele mais ouviu foram perguntas sobre futebol. "Eles adoram os brasileiros. Mas tem aquele estereótipo de cinco vezes campeão. Muitos pensam que o Brasil só tem selva e samba." O que ficou foi a simpatia pelo povo de um país tão distante. "É um povo sofrido, mas muito bom. Quando aparece uma situação como essa, eles se unem ainda mais."