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O delegado da PF Igor Romário de Paula negou que a mudança de comando no Ministério da Justiça tenha antecipado a ação contra Lula. | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
O delegado da PF Igor Romário de Paula negou que a mudança de comando no Ministério da Justiça tenha antecipado a ação contra Lula.| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

É uma explicação possível e bastante razoável de que, diante de uma possível tentativa de controle, a Polícia Federal esteja se antecipando.

Frederico de Almeida cientista político da Unicamp.

A 24.ª fase da Operação Lava Jato, com foco no ex-presidente Lula, encerra uma semana de especulações em torno de possíveis interferências política nas investigações. Na segunda-feira (29), a saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça gerou desconfiança sobre pressões do PT na instituição. Já na quinta-feira (3), o vazamento de supostos trechos da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), também levantou a suspeita de que teria ocorrido a tentativa de Lula e da presidente Dilma Rousseff de influenciar a condução da Lava Jato.

Os acontecimentos da semana estimularam a oposição a também questionar a posse do procurador baiano Wellington César Lima e Silva na pasta da Justiça. O novo ministro teve de negar publicamente que iria interferir na Polícia Federal. Mas a oposição conseguiu na sexta-feira (4) suspender a posse dele no cargo com base na vedação constitucional de membros do Ministério Público (MP) ocuparem cargos no Executivo.

O pedido de impeachment ou de renúncia de Dilma também ganhou força entre a oposição diante das informações da delação de Delcídio. E Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) pediu acesso ao material para avaliar se formulará um novo pedido de impeachment da petista.

Uma explicação razoável para a deflagração da operação da sexta-feira (4) encontra sustentação nesses indícios de interferência. “É uma explicação possível e bastante razoável de que, diante de uma possível tentativa de controle, a Polícia Federal esteja se antecipando. Seria um controle não só da política, com um novo ministro que poderia tentar segurar a operação, como também um controle judicial necessário”, diz o cientista político da Unicamp Frederico de Almeida, especializado no Judiciário brasileiro.

A força-tarefa da Lava Jato nega que a troca no comando do Ministério da Justiça tenha interferido na deflagração da Operação Aletheia, na sexta-feira. “O pedido [para a deflagração] tem 15 dias. Para programar uma operação desse tamanho, a gente precisa de algum tempo. Não há nenhuma relação com a mudança do ministro da Justiça. Desde o momento em que a gente teve notícia da mudança não houve nenhuma alteração no cronograma de trabalho”, disse o delegado da Polícia Federal (PF), Igor Romário de Paula.

Vazamentos

O cientista político Frederico de Almeida destaca ainda que os vazamentos envolvendo a Lava Jato não devem ser desconsiderados. “Não sabemos o quanto esses vazamentos estão expressando um conteúdo completo, sem direcionamento”, diz. Relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Teori Zavascki quer apurar o vazamento. A divulgação do acordo de colaboração de Delcídio irritou o ministro, que avalia a existência de uma operação para tumultuar o processo e prejudicar a homologação do acordo.

A PF, por sua vez, também negou influência do vazamento da delação de Delcídio na operação da sexta. “Foi tudo mantido da mesma forma, não houve nenhuma troca e nenhuma orientação diversa da que vinha sendo tomada”, garantiu Igor Romário de Paula.

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