Namorados podem pernoitar na Ceuc

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Namorados, pais, irmãos e amigos das moradoras da Casa da Estudante Universitária de Curitiba (Ceuc) agora podem passar a noite na entidade. A decisão, que muda uma regra de 40 anos da instituição, foi aprovada em assembléia geral no último sábado e teve o voto favorável da maioria absoluta das moradoras participantes. Agora, hóspedes de cada moradora (tanto homens quanto mulheres) podem pernoitar até três vezes por mês na Ceuc. Até então, as estudantes podiam receber visitas nos quartos apenas durante o dia, por um período de até três horas.

De acordo com a vice-presidente da Ceuc, Janaína dos Santos, a nova regra aumenta a autonomia de cada quarto para decidir se os hóspedes serão bem-vindos. "Não cabe ao regimento interno estipular isso. Só precisa ser avisado com antecedência, como recomendam as normas da casa", explica, lembrando que estudantes que dividem o mesmo quarto podem recusar a visita de hóspedes noturnos de suas colegas.

Embora aprovada pela maioria, a decisão causou polêmica entre ex-moradoras, que foram contra a mudança embora não pudessem votar na assembléia. Para Camila Tribess, integrante da comissão que reformulou o atual estatuto, em vigor desde 2000, a nova medida traz à tona uma discussão que há muito tempo pedia atenção. "A situação social mudou, a cabeça das meninas é outra e a responsabilidade também é muito maior", ressalta, dizendo que não foi uma decisão impensada.

Não só namorados, mas também outros homens poderão passar a noite na Ceuc. "Uma vez meu pai precisou fazer uma consulta no Hospital das Clínicas (HC) e tivemos que contar com parentes da região metropolitana, porque ele não podia ficar na Ceuc comigo", conta Janaína. A medida beneficia também as moradoras que fazem trabalhos em grupo com meninos e que precisavam de um tempo maior com os colegas. Entre as casas de estudante de todo o Brasil, só em Curitiba ainda era feita a separação de moradias por sexo.

A Ceuc abriga 108 moradoras divididas em 36 quartos. Cada uma delas paga uma taxa mensal de R$ 25. A direção da casa é regida pelas próprias moradoras, que arcam com as despesas com gás, material de limpeza, funcionárias e telefone. Manutenções e despesas com água e luz são pagas pela Universidade Federal do Paraná. Elevadores muito antigos, chuveiros que queimam com freqüência, falta de extintores e de saídas de emergência são os principais problemas enfrentados pelas moradoras.