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Documentos anexados ao processo que devolveu às ruas o pedreiro Adimar Jesus, assassino confesso de seis jovens de Luziânia (GO), revelam que a Justiça tinha laudos psicológicos que identificaram "sinais de sadismo" e "de transtornos psicopatológicos" em um exame criminológico realizado um ano e sete meses antes da sua libertação.

A Justiça também foi alertada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) a implementar "fiscalização sistemática" sobre Adimar no dia 14 de janeiro deste ano, quando três dos seis jovens já haviam desaparecido.

No pedido ao que o G1 teve acesso, a promotora Maria José Miranda Pereira sustentou que a vigilância constante da Justiça sobre Adimar poderia "salvar a dignidade sexual de muitas crianças". A promotora ainda utilizou um argumento direto para justificar sua preocupação sobre a conduta do pedreiro: "Não existe ex-estuprador. Considerando-se que não existe ex-estuprador e, diante da extrema gravidade dos ignóbeis crimes pelo sentenciado cometidos, requeiro seja expedido mandados para fiscalização sistemática e reiterada", solicitou Maria José.

O pedido da promotora foi escrito de próprio punho atrás de um dos "Mandados de Constatação na Residência" ordenados pela Justiça em 7 de janeiro deste ano, para que um oficial fosse até a residência de Adimar para constatar se ele cumpria as determinações judiciais "de recolher-se à sua residência diariamente, até 21h, e nos dias de folga e feriados".

Crimes anteriores

Ao mencionar a "extrema gravidade dos ignóbeis crimes" cometidos por Adimar, a promotora chamava a atenção do juiz para o relato feito pelo MP das barbáries cometidas pelo pedreiro, em novembro de 2005, com dois jovens de Águas Claras, cidade próxima a Brasília.

Na ocasião, depois de convencer um menino de 11 anos a acompanhá-lo até sua casa para auxiliar em uma suposta mudança, Adimar o redeu com uma faca e o abusou sexualmente. O menino conseguiu convencer Adimar a parar, sob a condição de que voltaria mais tarde com outro amigo. "No mesmo dia e logo após a prática do crime anterior, Adimar voltou às ruas e encontrou um adolescente de 13 anos.

"Utilizando-se do mesmo artifício, conseguiu levar o adolescente até a residência", relata o MP na denúncia. A exemplo do que fez com o primeiro menino, com a resistência do adolescente ao avanços sexuais o pedreiro lançou mão novamente da faca, mas foi interrompido pelos agentes da polícia que chegaram na companhia do primeiro garoto violentado.

Insegurança e agressividade

O laudo criminológico realizado pelos psicólogos da Subsecretaria do Sistema Penitenciário do DF registrou que Adimar apresentava traços de personalidade predominantes e que poderiam ser vistos com preocupação pela Justiça como: "Imaturidade, dependência, insegurança, agressividade, barreiras nos contatos sociais, perturbação identificação sexual, dificuldade de ajustamento sexual".

Ao falar de sua vida familiar, Adimar foi incapaz de lembrar até mesmo a data de seu nascimento: "O periciando não sabe a data do seu nascimento, que ocorreu em sua casa na zona rural de Morrinhos (BA)." Os psicólogos levantam diferentes fatores que teriam contribuído para a formação da personalidade problemática do pedreiro: "O analfabetismo, aliado ao precoce trabalho infantil e ao tênue relacionamento social podem ter colaborado para que sua personalidade não se desenvolvesse de modo harmônico."

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