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Curitiba – Os governistas que integram a CPI dos Correios articulam para aprovar amanhã um relatório final muito diferente do apresentado na última terça-feira pelo deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB). Duas alterações são prioritárias para eles: a retirada das sugestões de indiciamento dos ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken e a comprovação de que os saques nas contas do publicitário Marcos Valério tiveram início durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O texto dos governistas, que passou a ser chamado de "relatório paralelo", começou a ser preparado antes da apresentação de Serraglio.

O deputado Maurício Rands (PT-PE), sub-relator da comissão e um dos parlamentares mais atuantes quando o assunto é a defesa do governo, nega que o texto preparado pelos petistas seja um outro relatório. De acordo com ele, o documento é apenas um complemento para "corrigir omissões, distorções e conclusões não fundamentadas" no texto de Serraglio. Rands cita, entre outros pontos polêmicos, a ausência do nome de Daniel Dantas, dono do banco Opportunity.

Gazeta do Povo – Desde a semana passada o PT promete apresentar um texto substitutivo ao relatório de Osmar Serraglio. O que conterá este documento?

Maurício Rands – Não existe relatório paralelo. Vamos apresentar um substitutivo global da bancada do PT, um texto que vai ser incorporado à estrutura do relatório do Serraglio. Fizemos isso por acreditar que muitas partes do relatório dele são inconsistentes e pretendemos dessa forma complementar as omissões e corrigir as conclusões que não estão fundamentadas, as distorções. A estrutura será a mesma do relatório do Serraglio.

O senhor pode citar algum exemplo dessas distorções?

Entre vários assuntos vamos lembrar que uma das principais fontes de recursos ilegais eram as empresas do Daniel Dantas. Isso até agora não está claro e, portanto, é uma omissão. O que queremos é aperfeiçoar o relatório. A CPI dos Correios não pode terminar como a CPI do Banestado, que ficou inconclusa, sem votar o relatório final.

Não haverá ainda mais desgaste para o governo e para a base de apoio com tantas modificações?

Quando as mudanças forem examinadas, penso que a opinião pública perceberá a sua validade. Não acredito em desgaste.

Como o senhor viu os pedidos de indiciamento de José Dirceu e Luiz Gushiken?

Esses são exemplos de distorções. Nesses casos não há provas de cometimento do ilícito, e o pré-requisito do delito é a comprovação. Não houve provas, apenas uma ilação. É possível que, após a apresentação do texto substitutivo e sua possível aprovação, o relatório final sugira ao Ministério Público que aprofunde a investigação e aí sim decida ou não pelos pedidos de indiciamento.

Os governistas pretendem fazer alguma coisa em relação ao fato de Lula ter sido citado?

Não há nenhum elemento nos autos que indique que o presidente Lula tenha sido omisso ou conivente em relação ao que foi investigado. O mais provável é que, em relação a isso, deixemos o relatório como está. O próprio relator já reconheceu que o presidente não foi omisso.

O senhor estava aguardando dados do publicitário Duda Mendonça, que seriam enviados por autoridades norte-americanas. Essas informações já chegaram, há algo conclusivo nelas?

O que chegou foi uma leva da conta Düsseldorf, ligada ao próprio Duda Mendonça. Os dados mostraram seis novas contas do Duda e ainda estão sendo avaliados.

Como o senhor avalia as absolvições dos deputados no plenário?

O Congresso está passando por um momento de desgaste junto à opinião pública, está em crise. Mas há um julgamento equivocado por alguns segmentos de que todos os citados devem ser punidos senão é pizza. Isso não funciona bem assim. Temos de examinar caso a caso, à luz dos fatos. Não acredito que a CPI vá perder credibilidade por causa dessas absolvições.

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