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A Secretaria de Estado da Educação (Seed) criou um sistema simples para monitorar a ação das escolas que oferecem irregularmente diplomas de ensino médio e fundamental. Fez uma lista, hoje com 36 nomes, continuamente atualizada, inclusive por intermédio de denúncias, e que deve ser consultada antes do aluno se matricular.

No topo da página – que já esteve disponível na internet - está escrito "Cursos livres", terminologia que os técnicos julgam adequada para essas instituições. Elas não precisam de licença do estado para oferecer preparatórios para vestibular ou para concursos, mas não podem emitir certificados. Outra exigência é que só abram turmas de 5.ª a 8.ª séries ou "segundo grau" com autorização da Seed. A norma – natural, mas hoje em meio a uma cortina de fumaça - não é cumprida integralmente, pois muitas escolas se beneficiam de acertos com instituições de outros estados e lacunas legais.

A Gazeta do Povo ligou para alguns endereços da lista em busca de informações sobre "supletivo", expressão aposentada pelos educadores, mas com a qual a população se identifica na hora de tirar o atraso dos estudos. As escolas não serão citadas nessa reportagem por conta da liminar que garante seu funcionamento, o que não altera em nada a perplexidade diante da lógica rastaqüera que rege o circuito. "O candidato precisa se informar para não cair numa armadilha", alerta Jacir Venturi, da diretoria do Sindicato das Escolas Particulares do Estado do Paraná (Sinepe), para quem o problema é falta de fiscalização do poder público. "O sindicato não tem poder para fechar uma escola irregular. Só podemos denunciar", adverte.

Na escola "A", o aluno pode cursar os três anos do ensino médio em quatro meses, freqüentando as aulas três vezes por semana, quando faz uma revisão de conteúdos. O curso é conveniado com um grupo do Rio de Janeiro, cuja parceria se estende a outras escolas da cidade – a exemplo de "B". Preço: uma parcela, mais três de R$ 170.

Na escola "B", o aluno descobre que se trata de ensino a distância, que ele deve ir até lá somente para a matrícula, quando vai receber apostilas e trabalhos para fazer em casa, e que "há aula uma ou duas vezes por semana, se o aluno quiser". Ligar para o professor é uma alternativa. A atendente diz que o programa é flexível, pois o estudante diz quando se sente preparado para as provas. O ensino médio pode ser concluído em quatro meses. Investimento de R$ 50 na entrada, mas quatro vezes de R$ 170.

Assim como "B", "C" é a distância e se anuncia como "curso preparatório", pois o que se faz ali é uma prévia para as provas, feitas 90 dias depois da inscrição em uma cidade de Santa Catarina, onde está a sede da escola. A recomendação, em caso de dúvida sobre a idoneidade do programa, é ligar para a Secretaria de Educação do município em que serão feitas as avaliações e tirar as dúvidas. Um ônibus contratado leva os alunos até o destino. "São dez perguntinhas de cada matéria", avisa o atendente, com sinceridade a qualquer prova. "A apostila é resumida. Não digo que você vai entrar na Federal, mas garanto que temos alunos, hoje, em todas as faculdades", diz. O curso é "reconhecido a nível de país" e é preciso ter 18 anos, seguindo o projeto do governo do estado. Preço: quatro parcelas de R$ 170. E uma dica da própria instituição: "você está fazendo pesquisa de preço? Cuidado. Vi uma placa oferecendo segundo grau em 30 dias. Já vi caso de gente que não se ligou."

Um dos casos mais curiosos se deu em "D" - uma parcela mais sete de R$ 130, aula uma vez por semana. Letreiros na frente da escola garantem reconhecimento da Secretaria de Estado da Educação – além de estampar um sedutor "1.º e 2.º graus em até 20 dias". A Seed nega o reconhecimento e confirma que o curso faz parte de sua lista de cursos não-autorizados. Uma nova tentativa e se avisa da negativa da Seed. A resposta é que aquela e outras três escolas estão em negociação com o órgão do governo. "É uma questão de tempo", diz a moça. Tomara que sim.

Serviço: Antes de se matricular em programa de educação de jovens e adultos da rede particular, ligue para a Secretaria de Estado da Educação: (41) 3340-1754.

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