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Rio de Janeiro - A Polícia Militar do Rio de Janeiro afastou ontem o coronel Carlos Henrique Alves de Lima, acusado de negociar com criminosos o resgate do carro da mulher dele. A negociação frustrada terminou com a execução do cabo Guttem­berg Conceição, 32 anos, que há três anos servia como motorista do coronel. No sábado passado, Lima mandou Conceição entregar R$ 2 mil pelo veículo a criminosos no Morro da Pedreira, em Costa Barros, no subúrbio da cidade. O cabo foi morto com 15 tiros e o veículo não foi recuperado.

O carro da mulher do coronel foi roubado na tarde de sábado em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Ela deixou um celular no veículo. O coronel ligou para o aparelho e negociou com os assaltantes a devolução do carro por R$ 2 mil. O oficial foi ao Morro da Pedreira com o cabo e ordenou que o subordinado entregasse a quantia. Ao entrar na favela, Conceição foi fuzilado. A PM não informou o modelo do veículo, mas oficiais disseram que era um Honda Civic.

Lima prestou depoimento ontem, mas a sindicância corre em sigilo. No entanto, em entrevista a uma emissora de tevê, o coronel alegou que não considerava o Morro da Pedreira área de risco e atribuiu a negociação com os criminosos a uma sobrinha.

O coronel Lima comandava o 5.º Batalhão de Polícia Militar da Praça da Harmonia e se preparava para assumir o comando do Batalhão de Polícia Rodoviária. A nomeação foi suspensa. Em 1994, o nome dele apareceu na lista de propinas apreendida na casa do falecido banqueiro do jogo do bicho Castor de Andrade, mas o caso foi arquivado por falta de provas. No ano passado, ele foi promovido a coronel.

O corpo de Conceição foi sepultado no domingo no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na zona oeste do Rio. Muito abalados, os familiares dele não deram declarações. O coronel e a mulher também estiveram na cerimônia.

Negociação

A incursão de policiais em favelas para recuperar carros roubados é comum, de acordo com fontes da polícia. O risco seria compensado pela recompensa oferecida por empresas de monitoramento de veículos via satélite em troca da recuperação do veículo. Em muitos dos casos, os agentes evitam o confronto e acabam negociando com os criminosos a devolução do carro. A negociação com traficantes também foi uma prática usada em março de 2006 por integrantes do Exér­cito que tentavam a recuperação de armas roubadas de um quartel militar do Rio.

Oficialmente, as armas, dez fuzis e uma pistola, foram encontradas perto da Rocinha, na zona sul. Na verdade, integrantes do serviço de inteligência do Exército tinham negociado sua devolução com um líder da facção de traficantes Comando Vermelho.

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