Em um vídeo divulgado no sábado (29), o primeiro neurocientista negro a se tornar professor titular da Universidade de Columbia, em Nova York (EUA), Carl Hart, de 48 anos, desmentiu a notícia de que foi barrado na quinta-feira (27) na entrada do hotel cinco estrelas onde se hospedaria e ministraria uma palestra a convite do seminário do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), em São Paulo. A informação de que Hart teria sido barrado no estabelecimento foi divulgada em diversos veículos de comunicação do país, inclusive a Gazeta do Povo.
Hart afirmou que apenas se dirigiu diretamente ao banheiro ao chegar ao saguão do hotel Tivoli Mofarrej, nos Jardins, na zona sul da capital paulista. Segundo ele, ao sair, foi abordado por integrantes da comissão organizadora do evento que chegaram lhe pedindo desculpas pelo ocorrido, as quais o neurocientista afirmou não entender. “Eles me disseram que quando eu estava andando pelo Hotel, um segurança estava indo me abordar, porque eu não parecia pertencer ao local. Eu não testemunhei nada disso. Isso é apenas o que essa pessoa me contou”, afirmou o norte-americano.
No entanto, Hart reafirmou sua fala durante a palestra, quando disse “vocês deveriam ter vergonha disso” ao perceber que era o único negro no auditório no qual falou para advogados criminalistas e juízes.
A palestra de Hart no evento foi sobre como a guerra às drogas tem sido usada para atingir certos grupos sociais mais vulneráveis, entre eles, jovens pobres e negros, em lugares como o Brasil e os EUA.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Hart, que pesquisa drogas há 20 anos, disse que sua percepção sobre o assunto mudou drasticamente quando começou a “olhar para quem estava preso por crimes ligados às drogas nos EUA”.
“Apesar de os negros serem menos da metade dos usuários de drogas nos EUA, eles compõem muito mais da metade dos presos por causa de drogas. Um em cada três jovens negros americanos serão presos pelo menos uma vez na vida por causa das leis de drogas”, explicou. “Ou seja, a guerra às drogas tem sido usada para marginalizar os pobres.”
Confira, na íntegra, a nota de esclarecimento do hotel Tivoli:
“A direção do Tivoli São Paulo - Mofarrej informa que são inverídicas as notícias veiculadas desde sexta-feira (28) que indicavam discriminação nas dependências do hotel com o neurocientista Carl Hart, que ministrou palestra na última quinta-feira (27) durante o Seminário Internacional do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais.
Em nenhum momento houve qualquer tipo de abordagem ao senhor Carl por parte dos colaboradores do hotel. Assim, não há que se dizer ter havido qualquer ato de preconceito.
Todas as imagens do circuito interno de segurança confirmam que Carl circulou pelas dependências do hotel sem ter sofrido nenhuma forma de constrangimento, por parte de colaboradores do Tivoli São Paulo – Mofarrej. “
Confira a entrevista do neurocientista:
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