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Estatística - Dados são emitidos pelo IML

Obter informações estatísticas sobre segurança pública nem sempre é fácil. No Paraná, a Secretaria de Segurança divulga dados periodicamente, mas as informações são pouco detalhadas. Por isso a Gazeta do Povo mantém uma estatística própria de alguns crimes, para fazer um acompanhamento do comportamento da violência na sociedade. As informações sobre mortes violentas são extraídas de documentos oficiais emitidos diariamente pelo Instituto Médico-Legal de Curitiba, contendo o número de vítimas na região e as causas de suas mortes. As informações são armazenadas e os dados servem para comparação de uma mesma situação em períodos diferentes.

Da Redação

Paixão, drogas e mortes

Simonne, Margarida e Silmara são apenas algumas das personagens de histórias que não tiveram final feliz neste ano. Todas foram vítimas da paixão: ou dos companheiros ou do vício pela droga. Com idades acima de 30 anos, elas engrossam as estatísticas de uma nova prevalência no mapa da criminalidade.

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O que sobrou foi saudade

Em março deste ano, Eonides Terezinha Ferreira, 49 anos, saiu para caminhar pela manhã com seu cachorro em uma trilha próxima à casa recém-comprada, na Estrada das Lages, zona rural de Balsa Nova. Três horas depois, o poodle voltou sozinho. No fim da tarde, o corpo foi encontrado sem roupas e com fraturas na região da cabeça. A empresária foi morta após ter sido agredida e estuprada. O garçom Jair Antônio Fernandes, 26 anos, trabalhava em uma pousada do local e confessou o crime no início de abril.

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O número de mulheres assassinadas em Curitiba e região au­­mentou 34% nos primeiros oito meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2008 – de 67 casos para 90. Na média, são 11 mulheres mortas a cada mês, quase 3 por semana. É o que apontam os dados dos boletins emitidos diariamente pelo Instituto Médico-Legal da capital. Na faixa etária superior aos 30 anos, o crescimento foi ainda maior: 33 casos neste ano, contra 22 no ano passado, ou seja, uma elevação de 50%. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), não houve um fator específico para determinar esse aumento. O que chama atenção no levantamento é a similaridade no perfil das vítimas que, em sua maioria, foram vítimas da violência doméstica e/ou do envolvimento com drogas. A maior parte dos cri­­mes foi cometida com arma de fogo.

Na opinião do pesquisador Jú­­lio Jacobo Waiselfisz, da Re­­de de In­­formação Tecnológica La­­tino-A­­me­­ricana (Ritla), de Re­­ci­­fe, os da­­dos regionais podem indicar o sur­­gi­mento de uma tendência. His­to­­ri­­ca­­mente, existe uma forte masculinização no crime: na média na­­cional, apenas 8% dos assassinatos são cometidos contra mulheres. Conforme os dados de Curitiba e região metropolitana, em 2009 as mulheres representaram 8,68% dos 1.037 homicídios. Em 2008, 6,85% de 978. No entanto, ele observa que para se ter a confirmação da tendência de aumento dos crimes contra as mulheres é importante que seja feita uma pesquisa durante três anos.

Os homens conti­nuam morrendo mais, se­­­­gundo o levantamento do Saúde Brasil, do Mi­­­­nistério da Saúde, pu­­blicado em 2007. O índice entre o sexo masculino é de 53,7 mortes por 100 mil habitantes, muito distante dos casos de homicídios entre mulheres, com 4,7 mortes por 100 mil. Os dados mostram também que nacionalmente a forma de cometer o crime sofreu mudanças nos últimos anos. Se antes eram a arma de fogo e a agressão, após 1994 a ar­­ma branca tem sido a mais usada.

Falta de denúncia eleva risco

Para a coordenadora do Centro de Referência e Atendimento à Mu­­lher em Situação de Violência Do­­méstica, ligado à Secretaria de Estado da Justiça do Paraná, Marciana de Castro Bastos, a falta de notificação dos casos de agressão sofridos pelas mulheres ajuda as ocorrências de crimes fatais. "O desconhecimento ainda é um fator preponderante, pois a mu­­lher acredita que não tem capacidade para tocar a vida so­­zinha", alerta. Outros aspectos lembrados pela especialista são a baixa autoestima e o envolvimento com o álcool por parte dos agressores.

Segundo Marciana, a Lei Ma­­ria da Pe­­nha veio dar poder à mulher. San­cio­nada em agosto de 2006, surgiu como mecanismo para au­­mentar o rigor das punições dos casos de violência contra a mulher, no âmbito doméstico e familiar. Por outro lado, a professora e pesquisadora da área de gênero da Uni­­versidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Sônia Ana Lesz­czynski, afirma que só a existência da lei não faz mudar o comportamento de homens e mulheres.

A legislação não protege de aspectos religiosos, financeiros e culturais, lembra. A prevenção deve ser feita desde cedo. Uma saída é in­­centivar a educação da mu­­lher, desde a base familiar, para que ela venha a se tornar independente e consciente do seu papel, sem passar a imagem de frágil. Muitas se submetem à violência por causa dos filhos, diz a especialista. "É preciso saber dizer não e colocar limites nos parceiros; não deixar que as situações cheguem a um nível sem volta."

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