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Para evitar a entrada de pessoas com ficha suja no Conselho Comunitário de Segurança, o presidente do Conseg Bacacheri 2, Paulo Negrão, faz um levantamento completo antes de aceitar novos membros. "A pessoa dá o nome, o RG e o CPF, e eu levanto os antecedentes criminais", diz.

O levantamento acabou se estendendo aos cuidadores de carro. Em 1996, Negrão começou a cadastrar os flanelinhas. Hoje, segundo ele, são 198 cadastrados. "Eles têm que trazer toda a documentação, RG, CPF, título de eleitor, comprovante de residência e duas fotos", afirma. "Depois disso, a ficha é levantada pela Polícia Civil, pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal. Sem isso, ele não pode trabalhar nas ruas. Desde que criamos o cadastro, os problemas diminuíram."

Sobre o caso de integrantes do Conseg Alto Maracanã, em Colombo, que foram presos ao lado de policiais acusados de extorsão, Negrão lembra que membros dos conselhos comunitários não têm poder de polícia. "Não temos função de polícia, somos uma ligação entre a comunidade e as autoridades. Se a comunidade vem ao meu encontro, eu formulo uma denúncia às autoridades."

O promotor de Justiça Leonir Batisti, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná, avalia que o envolvimento de alguns membros de Consegs em atividades criminosas não pode manchar a imagem de todos os conselhos. "Os Consegs têm boa intenção, mas pode haver abuso", afirma. "Quando auxiliam o poder público, é positivo. Negativo é quando as pessoas, ao invés de trabalharem pela comunidade, acabam pegando certos vícios [da polícia]. É a história das maçãs podres."

Segundo o coordenador estadual dos Consegs, Júnior Zarur, a possibilidade de envolvimento em atividades criminosas é um dos motivos para a Sesp exigir o registro dos conselhos. De acordo com ele, o Conseg Alto Maracanã não tinha registro. "Lá existe outro conselho, registrado, a diretoria está no primeiro mandato", afirma. O coordenador admite que conselhos não registrados têm mais dificuldade de acesso à polícia. "Vão precisar da boa vontade da polícia. Como o comandante vai participar se não sabe como é conduta dos membros?", questiona. "Os membros do conselho não podem ter nenhum problema criminal ou ficha suja. O problema é que ninguém tem ficha suja, até vir a ter."

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