No comando

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Renan Calheiros (PMDB-AL) desistiu de aparentar distanciamento institucional do processo a que responde no Conselho de Ética do Senado. Por meio de Romero Jucá, líder do governo que funcionou ontem como seu pombo-correio, tomou as rédeas da apuração ao definir o adiamento da votação do relatório de Epitácio Cafeteira (PTB-MA). O presidente da Casa tomou essa decisão por avaliar que a escolha de Cafeteira foi um erro. As queixas se estendem à sua tropa-de-choque. Aliados se disseram alarmados com o fato de Demóstenes Torres (DEM-GO) não ter sido rebatido quando elevou o tom, fragilizando publicamente Renan, que mostra desconforto por depender tanto do PT: descontada a fidelidade incondicional de Ideli Salvatti (SC), teme o preço a ser cobrado pelo partido.

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Lili 1 – Em suas conversas ontem com senadores, Renan disse que a verdadeira compradora de seu gado é uma mulher de mais de 80 anos, "brava" e "que anda sempre com uma carabina". Lili 2 – A personagem não-identificada comandaria a rede de pessoas de poucas posses que supostamente fizeram negócios com Renan. Ele mostrou cheques de vários delas, insinuando que seriam laranjas da "mulher brava". Alguns (poucos) senadores falam em questioná-lo sobre essa triangulação heterodoxa. Vapt-vupt 1 – Vários senadores enumeravam, aliviados, os documentos mostrados pelo presidente da Casa. A quem lhe perguntou se havia conferido datas e carimbos, Renato Casagrande (PSB-ES) respondeu que tinha olhado a papelada "por alto", sem prestar atenção em "detalhes". Vapt-vupt 2 – Marconi Perillo (PSDB-GO), que recebeu visita de Renan em seu gabinete, explica que não se preocupou em conferir a autenticidade da documentação mostrada ontem porque "ela já iria mesmo passar por uma perícia". Até a noite de ontem não estava definido que órgão se encarregaria dessa análise. Ninguém viu – José Sarney (PMDB-AP) e Roseana Sarney (PMDB-MA), respectivamente primeiro-aliado de Renan e líder do governo no Congresso, tomaram chá de sumiço desde que a situação do presidente do Senado começou a se complicar. Protocolo – Já Lula telefonou a Renan para "prestar solidariedade" logo após a exibição da reportagem do "JN" que mostrou buracos na documentação apresentada pelo senador para justificar rendimentos com venda de gado.

Altas horas – Não foi Renan quem ligou para Maria Isabel, mulher de Epitácio Cafeteira, pedindo que convencesse o marido a não desistir da relatoria do caso. Foi Eduardo Suplicy (PT-SP), que teve de convencer a pessoa que atendeu o telefone a acordar a mulher do senador. Luz, câmera... – Um grupo de integrantes da CPI do Apagão Aéreo da Câmara comandado por Vanderlei Macris (PSDB-SP) visitará Congonhas na segunda-feira a fim de checar a condição das pistas do aeroporto paulistano.

Nosso guia – Petistas que ajudaram a derrubar a lista fechada não perdem a chance de alfinetar colegas da esquerda que apoiaram o projeto de Ronaldo Caiado (DEM-GO). "Passou de ex-líder da UDR a ídolo dos comunistas", diz Domingos Dutra (MA). Fogueira 1 – Em longo artigo publicado ontem no site do PT, o dirigente Valter Pomar faz duros ataques às propostas de reforma política do deputado Cândido Vaccarezza (SP), um dos rebeldes do partido contrários ao voto em lista defendido pela Executiva. Fogueira 2 – Em um dos trechos do texto, Pomar afirma que "a combinação entre voto nominal e financiamento privado de campanha está introduzindo, no PT, uma forte degeneração política (cada mandato se torna um pequeno partido) e também ética".

TIROTEIO

* De Cláudio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, sobre o tratamento dado a Renan pelo Conselho de Ética.

– É como no seriado "Perdidos no Espaço". Havia lá o doutor Smith, que, sempre apanhado em falta, ganhava um novo crédito de confiança.