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Hidratação

Água deve fazer parte da rotina alimentar

Um dos principais efeitos fisiológicos do envelhecimento no corpo humano é a redução do mecanismo que acusa a falta de hidratação no organismo: a sensação de sede. "O idoso precisa tomar água por hábito. Se esperar sentir sede vai ficar desidratado", explica a nutricionista Giselda Wisnievski, supervisora do setor no Hospital Vitória, de Curitiba. A indicação é beber água entre as refeições, na medida de 30 ml por quilo de peso, ou uma média de 1,5 litro de água por dia.

Além de manter o corpo hidratado, a água ajuda em outras funções, como no trânsito intestinal, mantém a umidade e melhora a elasticidade da pele. A melhor estratégia para estimular o consumo é facilitar o acesso. "Um copo ou caneca perto do filtro, que deve ficar em uma altura adequada para o alcance do idoso, já é um facilitador", explica o médico endocrinologista Mauro Scharf, do Laboratório Frischmann Aisengart/Dasa. Bebidas açucaradas, refrigerantes e chás não são substitutos saudáveis. E o indicado é beber água ao longo do dia, em pequenas porções, entre as refeições.

A água também vai ajudar a dissolver os nutrientes necessários para o bom equilíbrio do organismo. Fibras e versões integrais de farinhas e arroz, indicados para preparação de refeições saudáveis e equilibradas, precisam de água para serem absorvidos e facilitarem a digestão.

O intestino também vai trabalhar melhor se o indivíduo reduzir a ingestão de açúcar e gordura. "A gordura é necessária para a absorção de vitaminas. Mas o excesso pode causar desarranjos", explica Giselda. Cortar o açúcar não significa deixar a refeição sem doces. Frutas, gelatinas, pudins simples podem entrar no cardápio, sempre com moderação. "Leites fermentados, com lactobacilos vivos, também contribuem com o trânsito intestinal", diz a nutricionista.

Optar por alimentos frescos, é o melhor jeito de garantir uma alimentação de melhor qualidade. Cozinhar com antecedência e deixar para consumir depois reduz a quantidade de nutrientes. "Os alimentos devem ser frescos, integrais e recém-preparados. Isso é receita de boa refeição."

Dificuldades na mastigação, digestão mais lenta e limitações na coordenação motora podem comprometer a qualidade da alimentação dos idosos. As mudanças fisiológicas naturais também interferem no apetite e na absorção de nutrientes. "Em relação ao paladar, há uma acentuada redução de papilas gustativas por volta dos 50 anos. Isso compromete a sensibilidade de sabores doces e salgados", explica o médico endocrinologista Mauro Scharf, do Laboratório Fris­chmann Aisengart/Dasa, de Curitiba.

Teste se você sabe a quantidade indicada das porções diárias

Além disso, doenças degenerativas podem exigir a redução do consumo de alguns ingredientes como o sal, o açúcar e a gordura. O uso de medicamentos, comum a partir dos 60 anos, altera a quantidade da salivação na boca, necessária para uma mastigação adequada, o que prejudica a digestão e a absorção de nutrientes, como ferro e vitaminas.

Falta de dentes ou uso de próteses são outros fatores que dificultam a alimentação do idoso. E quando comer torna-se um problema na rotina – seja por dificuldade própria ou por dependência de cuidadores –, a refeição deixa de ser um momento prazeroso para se tornar um estresse, tanto para o comensal quanto para a família. "Corre-se o risco de o idoso procurar o isolamento e preferir fazer suas refeições sozinho. Sem o acompanhamento adequado, ele pode não ingerir tudo o que precisa", explica Mauro Scharf.

Para a nutricionista Giselda Wisnievski, supervisora do setor no Hospital Vitória, de Curitiba, a refeição tem um aspecto emocional que deve ser valorizado pela família. "A relação com a comida é afetiva. Comer junto, com a atenção e paciência de todos, torna a refeição nutritiva também no aspecto emocional. Essa convivência ajuda a evitar a inapetência." A mesma característica – a da memória gustativa – deve ser observada para controlar o consumo de ingredientes nocivos à saúde dos idosos. "É comum o paciente buscar lembranças de infância e convívio familiar em guloseimas, como doces e biscoitos. O consumo desses alimentos precisa ser moderado", observa Giselda.

Cardápio variado

Para evitar o desequilíbrio alimentar, que pode ir da desnutrição à descompensação de nutrientes, é importante variar o cardápio. E isso vale para qualquer idade. Mas é preciso ficar atento às alterações nutricionais do indivíduo, que mudam com o envelhecimento. "O idoso precisa de mais vitaminas e sais minerais, mas não pode pu­­lar refeições, nem substituí-las por complementos ou preparações específicas", diz Giselda.

A orientação é consumir as quantidades indicadas de cada grupo de alimentos em, no mínimo, três refeições diárias: café da manhã, almoço e jantar. "Lanches no meio da manhã, à tarde e antes de dormir também ajudam a manter o organismo saudável. Reduz a fome e o consumo exagerado de alimentos, contribuindo para o controle do peso", explica.

Levar em consideração as limitações físicas na hora do preparo das refeições também ajuda a manter o nível nutricional. As dificuldades de mastigação, exigem consistências mais palatáveis. "Picar, amassar, desfiar, moer, ralar, triturar e até bater os alimentos no liquidificador são dicas de preparo para facilitar a mastigação e deglutição", ensina a nutricionista. Essa adaptação, tanto na textura e consistência como no tamanho das porções que são levadas à boca, também evita incidentes como engasgos, aspiração ou asfixia durante a alimentação.

Outra dica para ajudar a controlar o consumo de sal, prejudicial para portadores de cardiopatias, é abusar de outros temperos naturais, como cebola, alho, cheiro-verde, orégano, manjericão e ervas finas em geral. "O uso desses ingredientes dá novos sabores e oferece nutrientes para o organismo. É possível cozinhar sem usar o sal, deixando para que seja usado no prato, no limite de um grama, uma medida de uma tampinha de caneta", ensina Giselda. Na hora de fazer a comida, é preciso prestar atenção aos rótulos dos alimentos. "Temperos industrializados contêm muito sódio. Quanto menos, melhor", diz a nutricionista. A mesma orientação vale para rótulos de biscoitos e produtos industrializados em geral.

Sintomas

Algumas carências nutricionais são mais fáceis de serem identificadas. "A falta de vitamina B1, pode causar insônia, irritabilidade e formigamento nos pés. Também afeta a memória e piora quadros de depressão", explica Giselda. Para repor, é preciso consumir carne, gema de ovo, castanhas e arroz integral. Tomar 20 minutos de sol diariamente nos horários recomendados – até as 10 horas e após as 16 – ajuda na absorção de vitamina D3. "Alimentos ricos em betacaroteno, como os vegetais amarelos e laranjas, são bons para a visão e a imunidade", ensina a nutricionista. O consumo moderado de café, chá preto e chimarrão (até três xícaras por dia) não vai prejudica a absorção de cálcio e ferro. "Mas o vinho, só com a liberação do médico." A bebida ajuda a reduzir o colesterol ruim, o que é bom para o controle de doenças cardiovasculares.

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