Bichos do Paraná
Baú regional revela tesouros da música paranaense
O pesquisador de música Maikel Monteiro, que também é programador e apresentador do programa Brasil Caboclo veiculado aos domingos, às 7 horas pela e-Paraná , afirma que o acervo da discoteca da emissora é uma espécie de baú de tesouro da música regional.
"A rádio é, sem dúvida, a que mais dá espaço para os artistas locais. Entre 30% e 40% do que toca é de autoria paranaense", ressalta Monteiro. Ele afirma que não conhece outra emissora que dê tanto espaço para músicos da Terra dos Pinheirais.
"Conheço muito da música feita no estado por ouvir a rádio. E isso não é de hoje. Sempre foi assim e deverá continuar sendo", salienta o pesquisador.
No acervo, que poderia ser classificado como "bichos do Paraná", estão discos de Viola Quebrada, Lydio Roberto e Nhô Belarmino & Nhá Gabriela. O próprio programa comandado por ele tem esse perfil regionalista. "Perto da metade da programação é destinada aos autores de Curitiba e do resto do estado. É muito importante dar espaço a esses artistas", salienta Monteiro.
Prevenção
O pedido de tombamento do acervo foi feito pela diretoria da Rádio e-Paraná para preservar o acervo histórico e evitar que no futuro ela seja desmembrado. A solicitação foi acatada pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico. "O parecer foi favorável porque o acervo da rádio e-Paraná é riquíssimo. Além de pertencer ao Estado do Paraná, ele não pode ser separado e todo material que for adquirido será incorporado ao acervo", diz a coordenadora do Patrimônio Cultural da Secretaria da Cultura, Rosina Alice Coeli Parchen.
As ondas da rádio e-Paraná completam 60 anos no ar com uma coleção de 27,4 mil discos, entre vinis e CDs. A importância do acervo fez com que a discoteca da emissora fosse tombada na semana passada pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico. Assim, todos os exemplares se tornaram bens culturais do Paraná protegidos por lei.
A história da discoteca se confunde com a da própria rádio. Para atingir o maior acervo de música erudita do Paraná, com mais de 14,2 mil LPs, cerca de 12 mil CDs e 23 mil músicas digitalizadas, a rádio teve de se desviar de alguns percalços pelo caminho.
Em 1953, durante o centenário da Emancipação Política do estado, o governador Bento Munhoz da Rocha Neto assinou o decreto autorizando a criação de uma rádio educativa. O responsável pela implantação foi Aluízio Finzetto. Mas apenas dois anos depois, em 1955, é que os estúdios ficaram prontos para, finalmente, colocar a rádio no ar em setembro daquele ano.
A sede, porém, era improvisada: duas salas do Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, eram usadas para a transmissão da emissora que operava nas ondas AM.
Na época, ela era chamada de Rádio Colégio Estadual do Paraná, com uma programação exclusivamente clássica e operava diariamente das 8 às 19 horas. Na grade da emissora também estavam aulas de idiomas como inglês, alemão e italiano, cedidas pelas embaixadas desses países. Foram cinco anos operando no interior do colégio.
"Nessa época, amigos do Aluízio iam ajudar na programação e doavam discos para a rádio", conta o atual diretor José de Melo, que trabalha no local desde 1980 quando ainda era um office boy. Depois dessa época, a rádio mudou-se e passou a ser transmitida diretamente de uma sala de uma delegacia de polícia. Até que encontrou um ambiente mais propício em um prédio na esquina entre as ruas Cruz Machado e Dr. Muricy, ficando por quase 20 anos nesse endereço. De lá mudou-se para a sede atual, no bairro Mercês, em 1998.
De Chico a Jobim
Foi na década de 80 que a rádio incluiu na programação a Música Popular Brasileira (MPB), com cantores como Chico Buarque, Elis Regina e Tom Jobim. Em 1992, passou a ser chamada de Rádio Educativa do Paraná e começou a ser transmitida também em frequência FM.
"Ao longo desse tempo, o acervo da rádio cresceu e o tombamento justifica a importância que a discoteca tem como um dos maiores acervos públicos de música do Brasil", ressalta o diretor.
Entre as raridades estão os primeiros discos independentes de música brasileira instrumental, o primeiro disco de Chico Buarque em italiano, Elis Regina cantando boleros e as primeiras produções de Luís Melodia, Tim Maia, Nana Caymmi e César Camargo Mariano. Há ainda discos dos principais movimentos da MPB como Jovem Guarda, Tropicália e Lira Paulistana. "Esse é um acervo vivo, já que novos materiais sempre são adquiridos pela rádio", ressalta Melo.
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