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Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). | Divulgação
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita).| Foto: Divulgação

São Paulo – Supostas irregularidades encontradas nos documentos apresentados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao Conselho de Ética da Casa, podem impedir o arquivamento do pedido de cassação do senador. Renan é acusado de quebra de decoro parlamentar por supostamente ter usado o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, para pagar pensão e aluguel da jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. A papelada apresentada por Renan justificaria que seus rendimentos seriam compatíveis com a pensão que pagou – R$ 12 mil, em dinheiro vivo, segundo ele – para a jornalista.

Depoimentos colhidos em reportagem do Jornal Nacional (JN), da TV Globo, contradizem, entretanto, a defesa do senador. Renan afirmou ser dono de três fazendas e teria arrendado outras três. Ele diz ter 1.700 cabeças de gado que teriam lucrado R$ 1,9 milhão nos últimos quatro anos. O administrador das fazendas ouvido pela reportagem, Everaldo de Silva Lima, disse que Renan teria cerca de 1.100 cabeças de gado.

Gado

Supostos compradores de gado de Calheiros negaram também terem feito negócios com o senador, como o sócio-gerente da Carnal Carnes de Alagoas, João Teixeira dos Santos, 82. Na defesa ao conselho, o senador teria entregue três recibos sustentando a venda de R$ 127 mil para a empresa, localizada no bairro de Rio Novo, em Maceió.

O JN sustenta ainda serem falsos os endereços apresentados no recibo de outra suposta compradora do gado de Renan, a GF da Silva Costa, que teria adquirido R$ 164 mil em carnes. Na sede da empresa, em cidade vizinha a Maceió, moraria Givanete Maria da Silva, que acumula correspondência da empresa e diz que ali "nunca funcionou negócio de carne". No endereço do dono da empresa, ninguém afirma conhecê-lo.

Sobre a suposta maior compradora de carne de Renan, um açougue chamado São Jorge – que teria adquirido R$ 429 mil em carnes do senador –, a informação da reportagem é de que a empresa declarou em 2006 faturamento de R$ 23 mil. Os donos do açougue não quiseram se pronunciar.

O senador Renan Calheiros não quis gravar entrevista ao Jornal Nacional. Por telefone, disse que tem como provar a legalidade da venda do gado com notas fiscais e guias de transporte animal. O senador afirmou que todos os negócios foram fechados pelo veterinário Gualter Peixoto, que presta serviço a ele em Alagoas. Renan disse também que não é problema dele se algum empresário tiver enganado o fisco. E rebateu as declarações de Everaldo de Lima Silva, gerente de suas fazendas. Segundo o senador, Everaldo é peão da fazenda e não tem noção do tamanho do rebanho.

Repercussão

A oposição irá pressionar hoje o comando do Conselho de Ética do Senado para pedir o adiamento da votação do relatório que propõe a absolvição de Calheiros. O senador Demóstenes Torres (DEM- GO), integrante do Conselho, acha que devem ser periciados os recibos apresentados por Renan sobre venda de seu gado.

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