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Revolta PP promete revidar se perder o Ministério das Cidades para o PT

Brasília – Nas fileiras do PP a revolta é geral. Irritados com o assédio do PT sobre Cidades, eles prometem revide nas votações do Congresso caso a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) vá para o lugar do ministro Márcio Fortes. "O que vale para mim é a palavra do presidente e ele nos disse que o nosso ministro permanecerá em Cidades", afirmou o líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA) (foto) indignado com a informação de que Lula cogita a possibilidade de transferir Fortes para Agricultura.

No PT, o grupo de Marta também está aborrecido com o vaivém de Lula e desconfia até mesmo que, depois de tantas idas e vindas, ele possa nem mesmo chamá-la para o time. Nos últimos dias, o presidente manifestou contrariedade com as pressões do PT e indicou que não trocará o ministro da Educação, Fernando Haddad, por Marta – considerada candidata natural do partido à sucessão de Lula, daqui a quatro anos, junto com o governador da Bahia, Jaques Wagner.

Para complicar ainda mais a reforma ministerial, a bancada do PMDB na Câmara não se conforma com a indicação de José Gomes Temporão para Saúde, apadrinhado pelo governador do Rio, Sergio Cabral Filho (PMDB). "Se a indicação se confirmar, o Planalto não terá o voto fechado do PMDB na Câmara em matérias polêmicas e desgastantes", disse um líder peemedebista.

Alertado pela cúpula do PMDB de que o Planalto só colherá dividendos da convenção do partido, marcada para o dia 11, se apressar a reforma, Lula informou que quer fazer as mudanças até o dia 2. Poucos acreditam.

Brasília – Aborrecido com as pressões, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta uma rebelião na base de apoio do governo. O motivo do racha é a reacomodação dos partidos para a reforma ministerial prometida para março. Depois da disputa entre o PT e o PP por causa do Ministério de Cidades, com orçamento de R$ 1,5 bilhão para este ano, agora a queda-de-braço opõe os aliados PSB e o PMDB, mas o alvo da pendenga é outro: a pasta da Integração Nacional.

Lula receberá hoje, no Palácio do Planalto, dirigentes e líderes de dois partidos ainda não ouvidos nas negociações: o PSB e do PC do B, a dupla que apoiou a reeleição do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) para a presidência da Câmara e profetizou "cicatrizes incuráveis" na coalizão com a vitória do presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

A questão é que os socialistas não admitem perder a Integração Nacional – pasta que cuida da polêmica obra da transposição do Rio São Francisco – e muito menos para o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), contrário ao projeto. A manutenção do ministro Pedro Brito, afilhado do ex-ministro e hoje deputado Ciro Gomes (PSB-CE), virou ponto de honra para o PSB.

"A nossa fidelidade a Lula não tem só três meses", ironizou um parlamentar do PSB, dando estocadas no neolulista PMDB. Desde o primeiro mandato, os socialistas controlam as pastas da Integração Nacional e da Ciência e Tecnologia. Lula deverá manter a cota do partido na Esplanada, mas o impasse ocorre porque, nas conversas com o PMDB, deu sinais de que Geddel iria para a cadeira hoje ocupada por Brito.

No Palácio do Planalto, a entrada de Geddel na equipe é dada como certa. Os amigos dele espalharam que o peemedebista poderia assumir Transportes, mas o presidente afirmou a interlocutores que o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR, ex-PL), senador eleito, voltará para o posto. Agora, a indefinição está no cargo que Geddel ocupará porque Lula não quer contrariar Ciro, um potencial candidato à sucessão, em 2010.

Avaliação

No governo, a avaliação era de que o PSB não causaria problemas, principalmente depois que Ciro manifestou seu desejo de não voltar ao Ministério. Lula o convidou mais de uma oportunidade nas últimas semanas.

"Eu não estou disputando nada. Tenho mais medo do ridículo do que da morte", costuma dizer Geddel, sempre que alguém lhe chama de ministro no Salão Verde da Câmara. Mesmo com a anunciada tesourada no Orçamento, a verba para custeio e investimento prevista para Integração Nacional é de R$ 975 milhões.

Até o momento, o confronto entre aliados só não ocorre em ministérios com orçamento pequeno, como o de Esportes (R$ 643,9 milhões) ou com poucos dividendos políticos – caso de Ciência e Tecnologia. Na conversa de hoje, Lula dirá ao PC do B que o ministro dos Esportes, Orlando Silva, será mantido no cargo. A tendência é que o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, também fique onde está.

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