• Carregando...

Paranacity – A Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (Copavi), do Assentamento Santa Maria, em Paranacity (Noroeste do estado), planeja ampliar a exportação de cachaça para a Europa neste ano. Foram vendidas no ano passado 6 mil garrafas do produto, com a marca Camponesa, num contrato de R$ 80 mil com a Espanha. No assentamento – formado por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) –, a garrafa é vendida ao consumidor a R$ 10. Na Europa, chega a custar 16 euros (em torno de R$ 41).

A capacidade de armazenamento da fábrica de bebida da Copavi é de 18 mil litros. A comercialização pode ser feita com envelhecimento de seis meses, mas a cooperativa faz com um ano e planeja ampliar esse prazo para dois anos. Para isso, seria preciso um espaço três vezes maior para a estocagem. Outra ampliação ocorre na área de plantio da cana-de-açúcar, que neste mês passa de 30 para 58 hectares.

O investimento na estrutura deve vir da consolidação de novas linhas de comercialização em outros países europeus. Com esse objetivo, o responsável pelo setor comercial da cooperativa, Jaques Pellenz, visitou a Biofac, uma das maiores feira de produtos orgânicos do mundo, realizada na Alemanha, em fevereiro. O contrato com a Espanha foi renovado, a França também assinou e a Alemanha negocia a compra da cachaça paranaense.

Criado em 1993, o assentamento é formado por 20 famílias – que somam 70 pessoas. Elas trabalham em 232 hectares, que rendem um faturamento mensal em torno de R$ 40 mil. A cooperativa produz mais de duas dezenas de produtos, entre derivados de leite e cana-de-açúcar, frutas e hortaliças, que são consumidos pelos assentados. O excedente é vendido. O grupo também cria bovinos, suínos e frangos.

Todo o trabalho é coletivo, com uma divisão técnica das atividades e do terreno. As sobras são divididas conforme o trabalho de cada um. Um exemplo da aplicação do socialismo está no refeitório comunitário, onde as famílias tomam o café da manhã e almoçam juntas.

Cada prato é pesado e o peso anotado numa relação, conferida ao final do mês. O total consumido pela família é comprado às horas trabalhadas. Cada grupo paga o equivalente do que não é produzido na cooperativa e precisou ser comprado na cidade. Assim, uma família chega a pagar, por exemplo, apenas R$ 20 para se alimentar fartamente durante um mês inteiro.

O leite e o açúcar mascavo representam 70% da produção da cooperativa. O primeiro tem uma produção de 150 mil litros anuais e o segundo, 150 toneladas por ano. O produto é vendido, por R$ 40, em um pacote com 25 embalagens de um quilo. A embalagem com um quilo custa R$ 2. O leite é pasteurizado e embalado na Copavi e repassado ao comércio por R$ 0,85, enquanto que o consumidor paga R$ 1 direto na cooperativa. Outra iniciativa da cooperativa foi a compra de um javali, para cruzar com as porcas, com o objetivo de produzir carne mais magra.

Apesar do Santa Maria ser considerado modelo dentro do MST, os assentados buscam se aprimorar. Para Francisco Strozake, 65 anos, ainda é um desafio concretizar o projeto, para melhorar a situação econômica e social. "Precisamos estruturar a atividade produtiva, melhorar a industrialização", avalia o pioneiro no assentamento.

Daniela Bernadete Calza, 20 anos, chegou com sete anos ao assentamento e hoje é coordenadora da horta de subsistência da cooperativa. Ela terminou o segundo grau e revela que não tem interesse de viver na cidade, apesar de planejar retomar os estudos na área ambiental ou de Biologia.

Para fazer parte da Copavi, o interessado passa por seis meses de experiência, vivendo e trabalhando no local. Depois, formaliza o pedido à associação e é avaliado em uma assembléia, na qual todos os assentados votam.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]