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Crianças rodeiam mulheres na calçada e fazem ameaças com cacos de vidro exigindo que dinheiro e celulares sejam entregues. Essa cena está cada vez mais freqüente no bairro Batel, em Curitiba. Pelo menos oito pessoas foram abordadas pelo mesmo grupo de garotos, entre às 16 e 22 horas da última segunda-feira, no cruzamento entre a Avenida Visconde de Guarapuava e a Rua Coronel Dulcídio. "Fiquei chocada por serem crianças. O maior deveria ter 10 anos. Qual vai ser o futuro deles?", questiona a vítima Lélia, moradora há 11 anos da região.

Quando voltava para casa, às 16h15, Lélia passou por três meninos que conversavam com um homem. Ao chegar na esquina, as crianças abordaram-na. "Eles chegaram dizendo: ‘Isso aqui é um assalto e vai passando tudo, senão matamos a senhora!’", lembra. A vítima conta que a ameaça era feita pelo garoto mais velho, que segurava o gargalo de uma garrafa quebrada. Um dos mais novos mandava entregar o celular. "Pela maneira como falavam, parecia que o homem tinha orientado", afirma. Os pequenos assaltantes fugiram após conseguir R$ 4. Lélia não fez denúncia.

Nos casos em que a polícia é acionada, chega ao local quando os assaltantes já fugiram. "A ação deles é muito rápida. Já encostam na vítima, tiram o que ela tem e quando ligamos para a polícia eles já sumiram", conta o porteiro Antônio Neri, que viu outra moradora do prédio ser assaltada da mesma forma.

Logo em seguida, uma aposentada de 57 anos foi abordada pelos garotos. "Eles vieram correndo na minha direção e o maior já dizia: ‘Não reaja que é um assalto. Eu vou te furar!’", relata. Ela conseguiu fugir. "Um homem mais velho gritou com o menino falando que ele tinha deixado escapar mais uma vítima", acrescenta. Essa foi a terceira vez que as crianças a ameaçam, mas em nenhuma foi dada queixa à polícia.

Os dois filhos da diarista Cláudia, de 14 e 16 anos, também foram assaltados no mesmo dia, por volta das 17h30, quando chegavam no cruzamento. Um homem loiro, aparentando ter 18 anos, ameaçou os dois com uma faca e levou os celulares deles. "Ele sempre está junto de crianças no sinaleiro fazendo malabares", afirma.

Para o comerciante Sérgio, morador há 17 anos da região, o problema sempre existiu, mas começou a se agravar depois que a metade do quarteirão ficou abandonada com a saída da Associação das Senhoras de Caridade do local, há algumas semanas. Ele viu o desespero de uma jovem após ser assaltada pelas crianças por volta das 22 horas. "Nunca teve caso semelhante. Assalto não era comum, agora é", conclui. Os entrevistados não quiseram ser identificados com seus nomes completos.

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