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Cascavel – O número de famílias que serão atendidas no maior e mais caro projeto de reforma agrária do país foi reduzido em 38,41% pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). A previsão inicial era de atender 1.580 famílias, mas esse total caiu para 973. O assentamento está sendo implantado na Fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu, Centro-Oeste do Paraná. A mudança vem gerando tensão entre os sem-terra que já ocupam a área, porque nem todos serão contemplados com os lotes da reforma agrária.

O maior assentamento do país ocupa uma área de 23,7 mil hectares da Fazenda Araupel, sendo que mais da metade desse total precisa ser protegido porque forma reserva legal (24%), área de preservação permanente (6%) e de reflorestamento de pínus e araucária (30%). A implantação do projeto é tratada como prioridade pela superintendência estadual do Incra no Paraná, com a finalidade de resolver os históricos conflitos agrários na propriedade.

Histórico

A fazenda vem sendo alvo de ocupações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) desde 1996. Na época, o imóvel Rio das Cobras era o maior latifúndio do Paraná com 83 mil hectares. Nos anos seguintes, o imóvel rural foi reduzido com as desapropriações feitas pelo governo federal. Em duas delas, o Incra desapropriou cerca de 25 mil hectares para a implantação dos assentamentos Marcos Freire e Ireno Alves dos Santos, onde vivem 1.533 famílias.

Os 23,7 mil hectares da Fazenda Araupel foram adquiridos no ano passado, para atender as 2,2 mil famílias que ocupavam, desde 1999, as áreas da Bacia e Silos. O assentamento foi batizado pelos sem-terra de Celso Furtado, numa homenagem ao economista morto em novembro do ano passado. O número de lotes do novo projeto, porém, ficou aquém da expectativa inicial do Incra. Celso Lisboa de Lacerda, superintendente do Incra no estado, afirma que a mudança se deve à ampliação da área de preservação ambiental prevista originalmente. Mesmo com essa redução, o acampamento terá o status de maior projeto de reforma agrária do país. Os assentamentos Celso Furtado, Marcos Freire e Ireno Alves dos Santos, em Rio Bonito do Iguaçu, formam o maior núcleo da reforma agrária da América Latina.

Custos

As três áreas são ligadas e somam mais de 50 mil hectares, com 3.006 famílias sob o comando do MST. O novo assentamento custou R$ 70 milhões, aplicados na aquisição, benfeitorias e reflorestamento na área. Para assentar cada uma das 973 famílias o governo gastará cerca de R$ 70 mil. O valor é inferior aos R$ 100 mil estimados no projeto original para assentar cada uma das 1.580 famílias, considerando a aquisição da fazenda por R$ 132 milhões.

Lacerda diz que o custo de cada assentado varia em cada estado. A média nacional é de R$ 20 mil. No Paraná, entre R$ 70 mil a R$ 80 mil. Lacerda informa que as terras paranaenses estão entre as mais caras do Brasil, como é o caso da Araupel. "A reforma agrária representa um custo muito barato se levarmos em conta a geração de emprego que ela propicia. Cada família gera três empregos", justifica.

Além dos R$ 70 milhões, o projeto deve receber mais R$ 32 milhões em infra-estrutura – como casas, estradas, energia elétrica e água tratada – nos próximos dois anos. A ligação de energia elétrica, por exemplo, irá custar cerca de R$ 7 milhões. O município e o Incra irão investir, ainda este ano, R$ 500 mil para a adequação e construção de estradas no Celso Furtado, que fica a 5 quilômetros de Quedas do Iguaçu.

Lacerda frisa que o projeto terá como principal diferencial o planejamento das atividades que serão realizadas pelos assentados. ''Todas as ações estão sendo planejadas para que o dinheiro investido aqui realmente dê retorno e sirva de modelo para a reforma agrária.'' O assentamento deve ser inaugurado em 1.º de outubro com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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