Número de mães precoces no Brasil cai em 10 anos

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No próximo domingo, Dia Mundial de Prevenção da Gravidez na Adolescência, o Brasil poderá comemorar um dado importante: o números de mães adolescentes, com idades entre 15 e 17 anos, diminuiu no espaço de uma década. De acordo com o estudo Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE, divulgado na semana passada, o índice de jovens com filhos nessa faixa etária caiu 1,3%, entre 1998 e 2008. A maior redução foi registrada na Região Sul. O porcentual de 8,5%, que ficava acima da média brasileira, despencou para 4%. Já no Norte do país, o índice de 10% manteve-se estável. Os dados corroboram com o levantamento do Ministério da Saúde que detectou que o número de partos na adolescência caiu nos último cinco anos. A maior queda ocorreu no ano passado, quando foram realizados 444.056 partos em todo o país – 8,9% a menos do que em 2008. Ao longo da década, a redução total foi de 34,6%.

Em Curitiba, segundo a coordenadora do Programa Adolescente Saudável da prefeitura, Júlia Cordellini, o índice de mães adolescentes vem caindo no município desde 2003. De acordo com ela, a queda é resultado de várias ações, como a capacitação dos profissionais da saúde e campanhas de educação e prevenção da gravidez precoce e das doenças sexualmente transmissíveis. Na capital, as unidades de saúde disponibilizam gratuitamente anticoncepcional com baixa quantidade de hormônio, o anticoncepcional de emergência (popularmente conhecido como pílula do dia seguinte) e preservativos masculinos.

A médica Aricia Giribela, que faz parte da comissão de anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), considera fundamental que as políticas públicas foquem na realização de campanhas, na disponibilização gratuita de métodos contraceptivos e no atendimento específico do público. A recomendação aos pais é só uma: dialogar. "Falar sobre o assunto ainda é a melhor maneira de prevenir uma gravidez precoce", afirma.

Ana (nome fictício), de 15 anos, começou a tomar pílula por conta própria. Nunca teve orientação dos pais ou de professores. Ao longo de um ano e meio, tempo em que mantém um relacionamento com o namorado de 19 anos, ela esqueceu várias vezes de tomar o contraceptivo. Acabou engravidando. Em dezembro próximo ela dará à luz a uma menina.

Aluna da 7.a série do ensino fundamental, Ana estuda numa escola pública no bairro Jardim Alto Tarumã, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Até agora, durante a gravidez, só faltou aulas para ir ao médico, mas ainda não sabe se conseguirá continuar no colégio depois do nascimento do bebê. Ela espera morar com o namorado, na casa que começaram a construir, sem a ajuda dos pais. Ana tem mais quatro amigas que tiveram filhos na mesma idade que ela.

Além da imaturidade emocional e das consequências sociais que uma gravidez na adolescência pode gerar, uma gestação na época de puberdade, período em que o corpo ainda está se formando, pode acarretar problemas de saúde sérios, como anemia e pressão alta. Aricia lembra também que, entre as adolescentes grávidas, o índice de nascimentos precoces também é mais alto.

Balões

A revoada de 500 balões ontem, no bairro Batel, em Curitiba, celebrou antecipadamente o Dia de Prevenção da Gravidez na Adolescência. A iniciativa foi promovida por organizações não-governamentais e sociedades médicas internacionais com apoio mundial da Bayer Schering Pharma e acontece simultaneamente em outros 70 países.