O bom exemplo que vem da dificuldade

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Com a vida muito difícil, quatro irmãos são exemplo de que é possível estudar, acreditar nas oportunidades e crescer longe do crime. Rachel, 20 anos, Raphael, 18, Cristiane, 16, e Leonardo, 13, são o orgulho da família Marins Pereira, e modelos de como pais presentes são fundamentais para o sucesso dos filhos.

Os mais velhos são alunos dos cursos de Nutrição e Engenharia Elétrica, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os caçulas estão no mesmo caminho. Cristiane faz o ensino médio no Colégio Bom Jesus, e Leonardo recebe a ajuda dos irmãos. Ele faz a 8ª série numa escola pública e está se preparando para fazer o teste seletivo do ensino médio da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

"O estudo sempre foi uma forma de melhorar a vida da família", diz Cristiane. Ela está indecisa quanto ao futuro, entre os cursos de Jornalismo, Letras e Publicidade e Propaganda.

Já Rachel, a primogênita, sempre estudou em escola pública. Foi aluna do Colégio Estadual do Paraná e ficou em segundo lugar no vestibular de Nutrição da UFPR. Antes disso, passou no vestibular de tecnólogo do antigo Cefet.

Apesar do sucesso deles na escola, a família é muito humilde, e os pais são divorciados há 13 anos. Segundo a mãe, Márcia Marins, 42 anos, a religião desencadeou a separação do casal, embora o pai nunca tenha se afastado dos filhos. Ele tem outra família, mas paga o aluguel da casa onde a ex-mulher vive com os filhos (R$ 300), compra os alimentos e arca com a conta de luz. As outras despesas são pagas com o salário da mãe, que é confeiteira num supermercado.

Além do incentivo da família, Raphael e Cristiane são bolsistas do projeto Bom Aluno, que banca as despesas de cursos e mensalidades dos colégios particulares. Raphael está prestes a receber uma bolsa de pesquisador no valor de R$ 300.

A mãe conta que às vezes eles reclamam que falta uma roupa, um tênis. "Eles dizem que sempre estão com a mesma roupa, mas a nossa opção foi pelo estudo."

Educação

Márcia Marins diz que seus filhos têm liberdade. "Eles sempre vão a acampamentos com os amigos da igreja. O Raphael sempre liga dizendo onde está. No entanto, as minhas filhas não namoram." A mãe coruja conta ainda que eles já ganharam vários prêmios e concursos. "São alunos e filhos exemplares."

Nas férias, os irmãos costumam ajudar o pai num escritório de representação comercial. Sempre que pode, ele reúne seus oito filhos (os quatro irmãos da segunda família) para um almoço num parque da capital.