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Vídeo:| Foto: Reprodução RPC TV

Nove meses de cativeiro, tortura física, psicológica e sexual. A história que parece um drama de folhetim relata o sofrimento de uma mulher de 20 anos, mantida desde 21 de junho do ano passado até o último fim de semana em cárcere privado em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. Ela se tornou refém do vendedor Dirceu Jacobi, 29 anos, que promoveu sessões de tortura em pelo menos três endereços diferentes. A reportagem da Gazeta do Povo localizou o último cativeiro: uma casa geminada, num conjunto residencial, com um cachorro amarrado à porta. Até mesmo os vizinhos foram surpreendidos pela história. Ninguém acreditava que o "monstro de Colombo" morou no local por 30 dias com a mulher, que nunca foi vista pela vizinhança.

O drama da jovem só acabou há uma semana. Desesperada com os maus-tratos a que era submetida – surras, queimaduras de cigarro, sexo com animais, ingestão de fezes e outras aberrações –, a vítima tentou o suicídio, ingerindo veneno "mata-mato". Foi socorrida pela ex-mulher do próprio algoz. A família foi avisada em seguida.

O encontro com a mãe, uma costureira de 40 anos, foi cheio de dor e emoção. "Quando ela me viu, começou a entrar em transe. Ela dizia, ‘mãe, olha o que ele fez comigo. Ele é um monstro.’ E foi relatando tudo, dizendo que estava machucada, que apanhava de mangueira. Nossa, foi horrível", contou a mãe. A jovem voltou para casa 20 quilos mais magra, com cabelo e sobrancelhas raspados, ferimentos nos órgãos genitais, além de hematomas pelo corpo.

O envolvimento da menina com o vendedor começou quando ela tinha 16 anos. Na época, a mãe não fez objeção ao relacionamento, já que o rapaz parecia muito educado, tinha boa aparência e era de família conhecida. "O pai dele era uma pessoa boa, dono da maior sorveteria do bairro, no Alto Maracanã, em Colombo", conta. Em pouco tempo o casal passou a viver junto.

A convivência revelou um homem violento. A menina reclamava dos maus-tratos que recebia do parceiro para a irmã mais velha, que acabou morta pelo cunhado em fevereiro do ano passado. O crime ocorreu porque a família ameaçou procurar a polícia, e denunciá-lo por tráfico de drogas. A reação do vendedor foi um tiro certeiro na cabeça da cunhada, um disparo na perna do marido dela e uma chuva de balas contra a namorada, que conseguiu escapar ilesa. Dirceu Jacobi teve a prisão preventiva decretada por conta do crime, mas nunca chegou a ser preso.

O assassinato da irmã levou a moça de volta para a casa dos pais, em uma chácara em Quatro Barras. Era lá que morava quando foi raptada pelo vendedor, quatro meses depois. Jacobi classificou a morte da cunhada como um acidente e obrigava a namorada a falar com a mãe pelo telefone, sob a mira de um revólver.

Na sexta-feira passada, Dirceu Jacobi foi preso pela polícia e negou todas as acusações. "Se eu fosse esse monstro, eu teria matado ela", disse o vendedor. Admitiu apenas o disparo contra a cunhada, mantendo a versão do tiro acidental. Em entrevista para a Gazeta do Povo, a mãe da mulher torturada deu detalhes do pesadelo vivido pela filha no cativeiro. Leia os principais trechos abaixo.

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