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Só o crescimento do IDH não é o bastante, defende especialista

O próprio site do Pnud reconhece que o IDH-M "não é uma representação da ‘felicidade’ das pessoas", uma vez que não contempla aspectos como participação, equidade, sustentabilidade, democracia e outros aspectos do desenvolvimento humano. A opinião é compartilhada pelo professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) Fábio Galo, um dos coordenadores de um estudo que, até 2014, deve apontar o Índice de Bem-Estar Brasil (ou WBB, em inglês).

"O IDH é um número bom, mas limitado, não basta como indicador de bem-estar. Uma cidade pode ter uma estrutura de saúde e de educação comparativamente melhor que outra, embora seja pior para o cidadão que mora ali. Queremos tentar enxergar como a pessoa vê seu bem estar no ambiente em que vive."

Galo ressalta que a intenção do índice não é medir a felicidade imediata, ligada à alegria. "Se você pergunta a uma pessoa que está saindo do Cirque du Soleil se ela é feliz, provavelmente, dirá que sim. Não estamos falando desses atributos, mas de bem-estar."

A pesquisa vai ouvir brasileiros para entender quais condições trazem melhor ou pior bem-estar, nas diferentes regiões do país. O questionário a ser aplicado ainda está em fase de avaliação, por isso, Fábio Galo não revela quantos ou quais são os itens envolvidos.

O principal, segundo Galo, é não reproduzir modelos já existentes, como o do Butão, que se aplica a uma realidade distinta da brasileira. "Não podemos medir o índice nem em nível nacional, temos que fazer esse tipo de pergunta para a pessoa onde ela mora. Se um IDH maior significa maior bem estar, não é uma resposta que eu teria agora. Podemos ter uma surpresa quando tivermos esse índice na mão."

A divulgação do novo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)reacende um debate antigo e de difícil conclusão: existe relação entre qualidade de vida e felicidade? A diminuição de 25% na desigualdade social entre os 399 municípios do Paraná, conforme mostrou reportagem da Gazeta do Povo no último domingo, com base nos indicadores do Pro­­grama das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e do Instituto de Pesquisa Eco­­nômica Aplicada (Ipea), pode evidenciar que o paranaense está mais feliz do que dez anos atrás?

Encontrar respostas para essa questão é um dos objetivos do debate "Qualidade de vida é sinônimo de felicidade? Uma análise a partir do IDH", que será promovido pela Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), na próxima quinta-feira, em Curitiba.

Coordenador do encontro, o professor de Ciências Econômicas Jackson Bittencourt, que atua no núcleo de economia e negócios da instituição, explica que serão discutidos três indicadores: o IDH, o Produto Interno Bruto (PIB) e a Felicidade Interna Bruta (FIB), conceito criado no Butão na década de 1970. "Pelo PIB não dá para medir felicidade, porque ele mede a atividade econômica, o que foi produzido no país", adianta. Já o FIB, segundo Bittencourt, acaba caindo em conceitos subjetivos. "Ser feliz na Finlândia é muito diferente de ser feliz no Nordeste brasileiro, são realidades distintas. No nordeste, às vezes, tendo uma cesta básica e trabalhando uma vez por semana, a pessoa é feliz", defende.

Por trabalhar com mensurações claras nos quesitos educação, longevidade e renda, o IDH-M, para Bittencourt, ainda é o melhor caminho para medir a felicidade de um país. "A gente roda, roda, roda e cai no IDH. O PIB mede apenas o crescimento econômico, enquanto o IDH é um indicador da qualidade dos reflexos desse crescimento."

Segundo o professor, a conta é simples: pessoas que vivem bastante, em geral, se alimentam bem, moram em locais com saneamento básico e têm acesso a saúde. Com a educação, completa, a população se torna mais crítica para fazer escolhas importantes, como o voto. Já a renda mais elevada propicia o acesso a bens fundamentais, como a cultura. "Estamos falando de consumo, não de consumismo. Uma pessoa que consome 70 pares de sapato não parece ser feliz, porque o consumismo é escape para algum problema", ressalta.

Serviço

O debate "Qualidade de vida é sinônimo de felicidade? Uma análise a partir do IDH" será realizado a partir das 18 horas desta quinta-feira, na sala 220 da Escola de Negócios da PUCPR. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail suellen.alcantara@pucpr.br ou pelo telefone 3271-1477.

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