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Silas Wackernagel, 79 anos: 11 anos de monitoramento e alta em 2010 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Silas Wackernagel, 79 anos: 11 anos de monitoramento e alta em 2010| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
  • Veja a anatomia da próstata

O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens brasileiros. Fica atrás apenas do de pele. Mas é o que mais mata homens com mais de 50 anos. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o país deverá fechar o ano de 2010 com 52 mil novos casos. Em 2008 (último dado disponível), 11.955 morreram por causa dele. A incidência aumenta de acordo com a idade. Entre 45 e 49 anos, a doença atinge 7 em 100 mil homens. A partir dos 80 anos, são 1.200 pacientes em um grupo de 100 mil. Em média, um em cada 6 homens vai sofrer com a doença. Portanto, o cuidado com a saúde e a realização de exames preventivos anuais são formas de evitar descobrir o tumor em estágio avançado e com pouca chance de recuperação.A detecção precoce é uma opção do paciente. Esponta­neamente, ele procura o serviço de saúde – público ou particular – para realização dos exames preventivos. Os mais comuns são a ecografia e o exame de toque, onde o médico verifica alterações no tamanho da próstata através do reto, um dos indicativos da presença do tumor. Em alguns países, a preocupação com o nível de mortalidade provocado pela doença e seus custos de tratamento é tanta que os governos realizam o screeming: o paciente é convocado a fazer os preventivos e recebe um comunicado das autoridades de saúde, com data para a consulta e exames já agendados. "É uma atitude radical, que expõe o paciente a uma situação extrema. O ideal é que cada um tenha consciência da necessidade de cuidar da própria saúde e procure ajuda para isso", explica o médico urologista Marcelo Bendhack, presidente da Associação Latino-Americana de Uro-oncologia e vice-coordenador da Campanha de Saúde do Homem da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa).

Saber antes é ter a chance de escolher um tratamento menos doloroso, com mais possibildade de sucesso. Em média, 80% dos diagnósticos precoces encontram tumores nas fases iniciais, chamadas T1 e T2, onde há mais opções de tratamento, como a cirurgia, a radioterapia e a aplicação de feixes de ultrassom, uma modalidade já usada na França e no Canadá, que chega a Curi­tiba até janeiro de 2011. "A aplicação de energia acústica, onde o tumor é bombardeado por feixes de ultrassom por meio de uma cânula introduzida no reto, só pode ser feita em tumores iniciais, que ainda estejam dentro da glândula", explica Bendhack. A tecnologia de ultrassom de alta frequência e intensidade (HIFU, da sigla em inglês) é menos invasiva, permite a alta do paciente hospitalizado em 24 horas e ainda pode ser aplicada em associação com outras técnicas, como a radioterapia.

O ideal é não esperar os sintomas aparacerem para procurar o médico. O principal deles, a obstrução urinária (o paciente tem dificuldade em urinar, jatos finos e irregulares), quando acontece, significa que a doença já está em metástase, em estágio avançado, onde o tratamento é mais caro, longo e doloroso. "O câncer não é uma doença fácil. Mexe com o paciente e toda a família. O tratamento da próstata tem sequelas peculiares, como a impotência e a incontinência urinária", explica o médico. A primeira atinge em média metade dos pacientes tratados. A incontinência é sequela de 10%.

Quem superou todas as fases da doença – do preconceito machista de submeter-se ao exame preventivo aos penosos tratamentos – festeja a sequela positiva de vencer o câncer: a vida. O funcionário público Silas Wackernagel, de 79 anos, lutou contra o câncer de próstata por 11 anos e, finalmente, teve alta neste ano. Wackernagel foi parar no urologista por indicação do clínico-geral que o acompanhava. Incentivado pela esposa, fez a bateria de exames preventivos e descobriu o tumor. "Cheguei na hora certa ao consultório. Fiz a cirurgia e tomei meus medicamentos. A cada seis meses, fiz acompanhamento da evolução do tumor. Se a maioria dos homens soubesse como é simples, muitos se salvariam", diz. Durante o próprio tratamento, Wackernagel perdeu dois amigos próximos para o câncer de próstata. "Se eu tivesse esperado, talvez não tivesse tido tempo de conhecer minha bisnetinha, que tem 1 ano de idade". Ele ainda tem outra duas mulheres na vida: a esposa e a filha.

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