• Carregando...
 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

Laboratório faz coleta em casa há 65 anos

O atendimento em domicílio é uma rotina para os clientes do Frischmann Aisengart/Dasa. Há 65 anos, desde a criação do laboratório de análises clínicas, o serviço de coleta doméstica funciona para materiais como sangue e urina. São seis equipes, que atendem toda a rede, e funcionam como uma unidade móvel.

Leia a matéria completa

Hospital de referência

O Hospital do Idoso Zilda Arns deve começar a atender a população em março de 2011.

Espaço

São quase 10 mil metros quadrados, no bairro Pinheirinho. O hospital terá cozinha, lavanderia, farmácia, auditório, capela, biblioteca, sala de estudos, lanchonete, praça externa com área de lazer e estacionamento com 208 vagas.

Capacidade

Serão 141 leitos, entre UTI, clínica geriátrica e cirurgia, isolamento e cuidados intermediários. A previsão é de 10 mil internamentos/ano e 50 mil atendimentos/ano.

Referência

O hospital vai receber pacientes referendados pelas unidades de saúde secundárias, como os Centros Municipais de Urgências Médicas e a Central de Leitos.

Corpo clínico

800 funcionários vão trabalhar no Hospital do Idoso, cujo enfoque vai ser o treinamento de profissionais e cuidadores familiares. Haverá um centro de capacitação em gerontologia para profissionais e educação em saúde voltado a idosos, familiares e comunidade.

Atenção domiciliar em saúde

O sistema de acompanhamento doméstico do paciente deve ser o diferencial do hospital. A ideia é que nove equipes trabalhem em parceria com as regionais administrativas para atender os pacientes após a alta, ampliando a rede integrada de assistência.

Lugar de doente é no hospital. Depende. O conceito de Atenção Domiciliar em Saúde (ADS), preconizado pelo Estatuto do Idoso, leva o atendimento médico para dentro da casa do paciente. É em ambiente doméstico que o profissional de saúde pode avaliar condições de tratamento, alimentação, higiene e até mesmo de riscos de acidentes. Também é em casa que a família é treinada para lidar com o paciente, com os recursos disponíveis, seja na rotina do tratamento ou na identificação de sintomas ou situações que possam ser contornados com atendimento adequado, evitando o leva e trás para unidades de saúde e hospitais. Isso sem contar que a proximidade da família facilita da convivência e o acompanhamento, deixa o idoso mais confortável e a recuperação, mais rápida.

Com esse conceito, a ADS está funcionando em Curitiba em um projeto piloto da Secretaria Municipal de Saúde. Desde fevereiro, uma equipe multidisciplinar, formada por médico geriatra, enfermeiro, técnico em enfermagem e a parceria de nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta e até educadores físicos, atende pacientes referendados pelo distrito sanitário do Pinheirinho. Até agora, 32 pessoas já foram atendidas pelo sistema. Atualmente, são 12 em acompanhamento. O modelo em teste deve ser ampliado para as demais regionais de saúde e promete ser o diferencial do atendimento do Hospital Municipal do Idoso, previsto para ser entregue no início de 2011. "A ideia é treinar cuidadores e familiares para ampliar a rede de atenção ao paciente idoso. Bem orientada sobre os cuidados necessários, a família pode ajudar muito na recuperação do paciente, sem precisar sair de casa. Esse envolvimento é fundamental e é uma mudança de cultura necessária na nossa sociedade, por causa das taxas de envelhecimento e da longevidade da população", diz a responsável pelo Hospital do Idoso, Tereza Kindra.

Depois de obter alta do Centro Municipal de Urgências Médicas da unidade do Pinheirinho, os pacientes que precisam de acompanhamento recebem em casa as visitas periódicas da equipe médica. A frequência – de uma a três vezes por semana – depende do quadro de saúde. Durante um período, em geral por três meses, o paciente e a família têm atenção domiciliar para administração de medicamentos, troca de curativos e orientações. Após esse prazo, ele é encaminhado para a unidade básica de saúde mais próxima. "Muitas vezes, a família recorre ao hospital porque não sabe como lidar com uma alteração de comportamento ou um novo sintoma. Mesmo a rotina, quando bem orientada, deixa o tratamento mais eficiente. E dá mais tempo ao familiar para tomar conta da própria saúde", explica o médico geriatra Clóvis Cechinel, que participa do projeto.

A estabilidade da família no tratamento do idoso em casa se reflete na ponta do atendimento emergencial. Além de reduzir o movimento em unidades hospitalares ou de atenção primária, o treinamento doméstico reduz o período de internamento, quando esse é necessário, e mantém o paciente longe de riscos de infecções e outras complicações, como o isolamento e a distância dos parentes. "O ambiente hospitalar pode ser depressor. Esse suporte no dia a dia do tratamento dá mais conforto emocional ao paciente. Ele tem um familiar cuidando dele, atento às suas necessidades e com orientação adequada para supri-las".

Diagnóstico ampliado

Outra vantagem do atendimento doméstico é a possibilidade que o profissional de saúde tem de ampliar o diagnóstico do paciente. Muitas vezes, as visitas esclarecem ao médico possíveis razões para quadros que não evoluem e até as regressões em tratamentos. "A dinâmica doméstica é alterada com um idoso doente. Se não estiverem preparados para assumir isso, os familiares podem agravar a situação do paciente. Quando a equipe interfere, há mais segurança e redução do estresse de todos diante da situação", diz Cechinel.

Iraci da Silva Bora viu a diferença que a ADS fez no quadro de saúde da mãe, Maria do Carmo Gonçalvez, de 71 anos. Depois de sofrer um acidente vascular cerebral e passar uma semana em coma, Maria ficou acamada e desenvolveu escaras nas costas. As feridas contribuíram para descompensar o diabete e baixar a pressão arterial. "É comum as comorbidades agravarem quadros já comprometidos", diz o médico. A idosa entrou no projeto piloto por sugestão da médica que a acompanhava no Pinheirinho. "A equipe vinha duas vezes por semana e eu aprendi a trocar o curativo e manejar minha mãe para aumentar seu conforto. A ferida regrediu e ela estava muito melhor. Saber cuidar em casa fez toda diferença", conta Iraci. Maria do Carmo não recebe mais as visitas dos médicos. A mudança para o Boqueirão, na casa de outro filho, a tirou do projeto por enquanto.

O suporte dado pela equipe também é importante para quem acompanha pacientes em fase terminal. "Melhor ficar perto da família, quando não há nada que o hospital possa acrescentar à condição do doente", diz o médico. Bernadete Bernes Beumer, de 71 anos, recebeu o médico em casa durante a convalescênça do marido, Teobaldo, até a morte dele, no último dia 24. Vítima de câncer de próstata, o idoso, de 79 anos, era um paciente difícil e foi um dos primeiros a participar do projeto piloto da prefeitura. "Foi muito melhor mantê-lo aqui comigo. Os parentes deixavam o pessoal do hospital quase louco, de tanta gente que ia e vinha. Aqui, pude ficar com ele até o fim", conta. No dia da morte, Teobaldo recebeu a visita da equipe às 16 horas. Faleceu às 21 horas, perto da esposa e de parte dos nove filhos. "Pude agradecer a Deus pelos bons e maus momentos. E por Ele ter me emprestado meu marido durante o tempo que ele ficou perto de mim", diz.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]