O melão da vergonha

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Moro em Curitiba e meus pais, em Paranaguá. Quando vou pra lá passar o fim de semana, minha mãe sempre compra melão, que eu adoro. Uma vez ela esqueceu de colocar o melão na geladeira e foi perceber isso já no domingo. Mais que depressa o melão foi colocado na geladeira, para ser saboreado após o almoço. Mas ele foi esquecido lá. O ônibus para Curitiba passa a uma quadra da casa da minha mãe.Já dentro dele, meu marido Antonio vira-se para mim e pergunta

– Não é a sua mãe ali na frente, fazendo sinal para o ônibus parar? Será que aconteceu alguma coisa?

O motorista para e ela pergunta aflita para ele:

– A minha filha Marlene está aí?

– Não sei, minha senhora – responde o motorista se segurando para não rir.

Pergunta aos passageiros se alguém se chama Marlene.

Meu marido se encolheu na poltrona. Queria sumir de vergonha. Eu me levanto e pergunto:

– O que aconteceu, mãe?

– Filhinha – disse minha mãe, dona Adelina, estendendo um potinho – Você esqueceu o melão.

Os passageiros do ônibus caíram na gargalhada. Um grupo de rapazes pedia melão também. Meu marido e eu queríamos morrer de vergonha. Foram fazendo brincadeiras conosco e o melão até quase chegarmos a Curitiba.