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| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Brejatuba, lá vou eu

Problemas à parte, há quem não troque as praias paranaenses por nada. É o caso da família da dona de casa Belmira Ortega (na foto, a primeira da esquerda para a direita), que vai a Guaratuba desde 2001. As viagens anuais começaram a se tornar mais frequentes a partir de 2007. Dois anos depois, a família construiu uma casa no bairro Brejatuba, mais afastado do Centro e tranquilo. Agora, os Ortegas descem a serra a cada 15 dias, além de "baterem ponto" em todos os feriados e nas férias escolares. E a turma é grande: além de Belmira, seus pais, irmãs e sobrinhas também vão.

Vida própria

A dona de casa explica que a escolha por Guaratuba, além da proximidade com Curitiba (cerca de 120 quilômetros), se deu pela estrutura da cidade. "Ela tem vida própria e consegue se manter mesmo fora de temporada", argumenta Belmira, que planeja se mudar para lá no futuro.

A família considera o tratamento do esgoto – ou a falta dele – um dos principais problemas do município. "Ainda vemos muito esgoto a céu aberto, principalmente nas regiões mais afastadas do Centro. Sabemos que a água do mar não é totalmente limpa, mas procuramos lugares menos poluídos para tomar banho", comenta a professora Dolores Ortega.

Opção pelo sossego

Quem vai à praia o ano todo sabe: o sossego da baixa temporada acaba quando o verão começa. Aí é fila para todos os lados, trânsito difícil, mais sujeira e lixo pelas ruas. Foi esse movimento alto que incomodou a família da social media Larissa Gulin (foto), de 24 anos. A solução foi se desfazer do apartamento que tinha em Guaratuba e encerrar o hábito de viajar para lá que data de 1986. "A gente começou a se incomodar com a quantidade de gente nas praias durante a temporada. No carnaval era impraticável, sem contar que a água e a areia ficavam bem sujas. Depois de visitar algumas praias de Santa Catarina, notamos que elas eram muito mais bonitas e vazias", explica.

Em 2007, compraram uma casa em Florianópolis e, mesmo sendo mais longe, a mudança compensou, segundo ela. "Nossa casa fica em uma região supercalma, que não chega a ficar lotada mesmo na temporada. A areia é limpa, você encontra peixes nadando no rasinho, os vendedores ambulantes são em menor quantidade, sem contar que existem várias praias bonitas uma ao lado da outra", compara.

A tranquilidade do local faz com que a família vá ao litoral com uma frequência bem maior do que quando tinha apartamento no Paraná, mesmo tendo de enfrentar mais horas de estrada. "Vamos à praia para descansar, curtir, e nas praias do Paraná não conseguíamos fazer isso", diz.

Fórum on-line

Qual sua opinião sobre o Litoral do Paraná? Participe do fórum de discussão na próxima segunda-feira, a partir das 8h30, no site da Gazeta do Povo

Apesar da forte concorrência exercida pelas praias de Santa Catarina, o Litoral do Paraná ainda é a opção número um dos curitibanos que gostam de botar o pé na areia e tomar banho de mar. É o que revela um levantamento exclusivo do Instituto Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo.

Cerca de 40% dos entrevistados que frequentam praias preferem viajar para a orla paranaense. Já 22% acham o mar catarinense "mais azul", o que não é por acaso. O estado vizinho é famoso pela beleza e variedade de suas praias – o litoral de Santa Catarina é quase cinco vezes e meia maior que o do Paraná. Mas a proximidade com Curitiba (37% das respostas) e a presença da família e de amigos (25%) acabam determinando a escolha da maioria dos entrevistados pelas praias paranaenses.

Um dado da pesquisa chama a atenção e serve de alerta para as autoridades públicas do estado: para 74% dos curitibanos ouvidos, o litoral catarinense tem uma estrutura melhor que a do Paraná. Apesar de esconder verdadeiros paraísos aos longo de 98 quilômetros de extensão, a orla paranaense tem os seus problemas. A sujeira nas praias e a falta de saneamento foram criticadas por 57% das pessoas ouvidas pela Paraná Pesquisas.

Investimento

Responsável pela política de saneamento no litoral, a Sanepar reconhece que apenas 43% da região é atendida pela rede de tratamento, mas informa que o sistema será ampliado nos próximos anos. A empresa acaba de anunciar um investimento de R$ 199,2 milhões para estender as redes de esgoto sanitário de Matinhos e Pontal do Paraná em um projeto de quatro anos, que ainda será licitado.

Hoje existem 24.860 ligações de esgoto, mas nem todas estão corretas. A empresa já identificou 1.150 ligações irregulares – que jogam o esgoto na rede pluvial ou o contrário – e ainda tenta vistoriar 2.879 locais suspeitos. "No passado, a Sanepar foi obrigada a tomar medidas drásticas, de obstruir a saída de esgoto. A pessoa que está com disponibilidade do serviço e não usa está comprometendo a qualidade da praia de todo mundo", diz o gerente geral da Sanepar para a região metropolitana e litoral, Celso Luis Thomaz.

ProblemaMelhoria do saneamento depende tanto do poder público quanto da população

O professor Paulo Henrique Marques, coordenador do curso de Gestão Ambiental da UFPR Litoral, lembra que a questão do esgoto no litoral é complexa e depende de uma ação conjunta do poder público e da população. "Muitos moradores deixam de fazer a ligação de esgoto correta e continuam usando as fossas sépticas, que também não são construídas de maneira correta. O resultado disso é uma intensa contaminação do lençol freático e, consequentemente, dos rios e das praias", explica.

Ele ainda aponta que a população flutuante na alta temporada, especialmente nas festas de fim de ano, sobrecarrega todos os serviços de saneamento e atendimento à saúde, que já são precários. Por outro lado, a limpeza das praias e a coleta do lixo melhoram, já que os municípios investem mais nessas ações, que são claramente percebidas pelos veranistas.

Balneabilidade

Já a qualidade da água do mar é motivo de discórdia. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) realiza um monitoramento constante da balneabilidade de rios e praias durante o verão, fazendo uma ampla divulgação dos resultados. Segundo Marques, muitos comerciantes e políticos reclamam que a divulgação afasta os turistas do Litoral do Paraná, fazendo com que migrem para Santa Catarina em busca de praias mais limpas. "Ora, a situação das praias catarinenses é tão precária quanto as nossas, mas talvez a divulgação não ocorra da mesma maneira", pondera.

Operação Verão

Todo ano, os serviços públicos ofertados no Litoral ganham um reforço na alta temporada. Este ano, a expectativa do governo é de que cerca de 2 milhões de pessoas circulem pelo Litoral no período. Confira o que está programado para a Operação Verão 2012/2013, que começa oficialmente neste domingo e segue até 18 de fevereiro:

Segurança

A Secretaria de Estado de Segurança Pública ainda não informou o contingente de policiais civis e militares que irão ao Litoral, mas já garantiu o aumento da tropa que, no ano passado, contou com 2 mil agentes. Um helicóptero será enviado à região exclusivamente para operações de resgate e salvamento.

Saúde

Os principais postos e hospitais do Litoral receberão reforço no atendimento, além de equipamentos e medicamentos. Serão cerca de 2 mil plantões médicos, 900 de enfermagem e 2 mil de técnicos de enfermagem nos diferentes postos de atendimento. Os casos graves serão tratados no Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá, e no Hospital Nossa Senhora de Navegantes, em Matinhos, será montada a Central de Recuperação de Afogados

Estradas

A previsão de circulação é de 200 mil veículos pelas estradas, que estão sendo recuperadas, durante a temporada.

Meio Ambiente

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP), além de coibir desmatamentos e caça predatória, vai monitorar semanalmente a balneabilidade na água em 49 pontos de rios e mar e verificar a qualidade da areia na orla.

Limpeza

O investimento será de R$ 14 milhões. O serviço de coleta terá 977 trabalhadores, atuando das 7 às 18 horas, em 444 veículos. O número de lixeiras na orla será de 1.800.

Energia

A Copel reforça seus efetivos de funcionários no Litoral e vai oferecer sinal de internet sem fio aos veranistas em oito balneários no Litoral e duas praias na Costa Oeste, às margens do reservatório da Unida de Itaipu.

Fonte: Governo do Paraná.

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