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O Cride-Cride Futebol Show completa 30 anos de reuniões com funcionários da CEF |
O Cride-Cride Futebol Show completa 30 anos de reuniões com funcionários da CEF| Foto:
  • Amigas que se encontram há 50 anos: amizade e solidariedade

O começo é despretensioso. As afinidades unem colegas de trabalho, vizinhos, amigos de infância ou de colégio. Aos poucos, os esforços para manter o contato levam à formalização de um compromisso: uma vez por semana – ou por mês, de acordo com a disponibilidade da maioria – eles se reúnem em um ambiente descontraído, para jogar conversa fora. Nessas ocasiões, reforçam os laços que os unem, trocam experiências, dividem alegrias e frustrações. Amizade é um santo remédio em qualquer fase da vida, mas na terceira idade ela ganha valores ainda mais intensos.

Os "meninos" da Caixa Econômica Federal jogam bola juntos há 30 anos. O Cride-Cride Futebol Show começou com o grupo de funcionários que representava o banco nos campeonatos internos. Virou mania. Toda quinta-feira tem jogo com churrasco – ou seria ao contrário? – para a turma bater bola e colocar a conversa em dia. Tudo muito organizado, com diretoria eleita a cada dois anos e temporada na praia, para não perder o contato nem mesmo no verão. Nesta semana, além do jogo de hoje, os 52 participantes do Cride-Cride têm compromisso amanhã. Um jantar na Associação Médica do Paraná vai reunir as famílias para a posse do novo presidente: Osmar Bartenik passa o cargo para João Nascimento.

A convivência entre pares é receita certa para o bem-estar, na avaliação da psicóloga Ana Paula Vieira Pepe, do Hospital Muricy. Os grupos de amigos são indicados em qualquer faixa etária, mas têm uma função extra na terceira idade. "Eles tiram o idoso do isolamento, provocam o convívio e promovem a sociabilização". Essa troca tem reflexos importantes na qualidade de vida dos idosos, que vai da valorização da história de vida de cada um à prevenção de doenças emocionais. "Quando estão juntos, eles trocam experiências de vida e exercitam suas memórias. E com o cuidado do outro, a convivência melhora até a adesão aos tratamentos médicos. Ninguém quer ficar doente e perder as reuniões e os encontros", explica.

Baralho

As rodadas de tranca mensais são sagradas há 15 anos, mas as senhoras do "Clube das Bolinhas" se conhecem há mais de 35. A comerciária aposentada Terezinha Lourdes Bischoff, de 66 anos, conta como funciona o grupo: todo mês, um minicampeonato premia as três primeiras colocadas e ainda dá um brinde de consolo para quem ficou por último. O lanche é oferecido pela dona da casa, que também obedece a um rodízio entre as participantes. Elas ainda recolhem uma mensalidade, no valor de R$ 15, para comprar as prendas. "Mas o melhor mesmo é a tarde do encontro. Além da emoção do jogo, temos uma à outra para conversar." Os encontros ocorrem entre março e outubro. O fim de ano é dedicado à família.

Até restarem duas amigas

É tarde de terça-feira e a animação é grande entre as senhoras que mal podem esperar para começar mais um chá das amigas. O grupo, que começou com 25 mulheres há 50 anos, esta semana contou com a presença de apenas nove da turma original. "Já tivemos muitas perdas, algumas ficam doentes, outras falecem", explica Domicilia de Souza Maranhão, 81 anos. Mas enquanto tiver duas de nós, tem de haver o encontro."

Crochê e bordados fazem parte dos assuntos à mesa. Elas também "tricotam" sobre família, receitas, viagens e até galãs de novela. O noticiário sempre rende um bom papo. Esta semana, a tragédia de Santa Catarina mobilizou o grupo. "Todo encontro fazemos uma rifa e com o dinheiro arrecadado colaboramos com instituições carentes. Desta vez, vamos ajudar os desabrigados de Santa Catarina", conta Daisy Figueira Camargo, 82 anos.

Edilah Cecilia Santos Bessler, 84 anos, freqüenta os chás desde o início, e conta que cresceu muito com as amigas. "Todas têm seu jeito de ser e uma aprende com a outra. Sempre fui muito medrosa e elas me ensinaram, com suas histórias e experiências, a ser mais forte e a viver com alegria." A filha dela, Sonia Bessler Gonçalves, diz que as famílias apóiam porque percebem a diferença no humor de cada uma das participantes. "Elas ficam mais felizes. Acredito que o principal ganho de cada uma é a motivação que recebem a cada encontro".

Outra dupla de mãe e filha é apontada como exemplo pelas amigas. Victoria Montenegro, de 96 anos, e a filha, Maria de Lourdes, de 74, encontram no grupo o apoio necessário para envelhecer com saúde. Victoria mora sozinha, preza sua independência, mas ressalva que nunca foi solitária. "Sempre me mantenho ocupada e perto da família e das amigas. Ninguém chega aos 90 anos sem sofrer. E nessa hora ter as suas amizades por perto é muito importante".

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