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Uma boa faca artesanal é resultado da combinação de uma série de fatores que vai desde o aço escolhido (seu Padilha utiliza o K100, sueco, coisa fina) e a técnica de produção – há quem forje, há quem apenas desbaste e há quem combine as duas técnicas – até o tratamento térmico utilizado, sendo o principal a têmpera, processo no qual o aço é submetido a um choque térmico para endurecê-lo. “Técnica é domínio sobre as ferramentas, já a qualidade do acabamento é uma conquista; é aperfeiçoada com a prática”, sintetiza o cuteleiro.

Há, ainda, a cromagem, o polimento e o banho de níquel (para tornar a peça mais resistente à ferrugem). Se para um desentendido de facas tudo isso pode soar algo exagerado, para cuteleiros artesanais e colecionadores trata-se de detalhes de suma importância.

Em fóruns online sobre a arte, cuteleiros profissionais e amadores compartilham suas experiências e dissabores – frequentemente relacionados a erros de cálculo sobre a temperatura ideal da têmpera ou o polimento. Vale lembrar que uma vez que a peça sofra um atentado durante a produção, trabalho e material ficam inutilizáveis. Uma verdadeira tragédia na vida de um cuteleiro.

Ensino

A cutelaria artesanal é muito mais popular nos Estados Unidos e em alguns países europeus, como Alemanha e Espanha, mas o forjamento de facas começou mesmo na Índia, recapitula Padilha. No Brasil, apesar de não ser muito difundida, a arte conta com um séquito de devotos. Uma pesquisa rápida na internet e encontramos fóruns, blogs e sites especializados com fluxo intenso de informações, a maior parte delas compartilhada pelos próprios usuários.

A perpetuação da arte de fazer facas fica por conta desses adoradores, que buscam professores particulares e viabilizam oficinas para novos aprendizes. Pelo menos no Brasil, não há escolas oficiais de cutelaria. Uma lástima, na opinião de seu Padilha. “O ensino de cutelaria que se oferece hoje no Brasil está muito aquém do necessário. O aprendizado da cutelaria é prático, adquirido com a experiência. Não se aprende cutelaria em oficinas de uma semana”, desafia. (CP)

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