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Investimento equivale a 32% do previsto no ano

O investimento da Infraero no primeiro semestre do ano representa apenas 32% do previsto para 2007. O levantamento foi divulgado pela ONG Contas Abertas na última semana. A quantidade prevista pela Infraero para aplicação em todo ano é de R$ 1 bilhão, mas apenas R$ 320 milhões foram usados entre janeiro e junho.

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Curitiba – O Brasil sempre fez parte do chamado Grupo 1 da Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci). O grupo é a elite da aviação mundial e reúne os 11 países mais importantes do setor. Todavia, no próximo mês de setembro, na eleição para o Conselho Executivo, o país poderá ser rebaixado de categoria. Para especialistas, mais do que cumprir os requisitos internacionais de aviação, o Brasil precisa buscar referência na gestão de aeroportos e controle de tráfego aéreo de outros países e investir em novas tecnologias, muitas das quais já estão sendo usadas lá fora.

O professor do Instituto de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Elton Fernandes, lembra que a adequação às normas internacionais não leva em conta os dispositivos adicionais de segurança que seriam necessários num aeroporto como Congonhas, por exemplo, porque essas regras são padronizadas e não consideram características próprias. Fernandes fez doutorado na Inglaterra, onde o transporte aéreo é muito mais utilizado do que aqui. Lá, os sistemas de segurança são divididos em dois blocos de precauções. O Security estabelece regras para evitar acidentes causados por terrorismo e o Safety preocupa-se com as condições de aeroportos, aviões e tripulantes. "Não temos problemas com Security e o nosso Safety não é tão ruim assim. O que temos é desorganização", avalia.

Logo após o acidente com o Airbus da TAM, a Federação Internacional de Associações de Pilotos de Linhas Aéreas (Ifalpa, na sigla em inglês) divulgou uma nota pedindo maiores áreas de escape no fim das pistas de pouso. A requisição foi enfática em afirmar que o recado não era apenas para o Brasil, mas para vários aeroportos de todo o mundo que não possuem pelo menos 300 metros de pista adicional como precaução. Em casos em que não seja possível a efetivação desse recurso, a Ifalpa recomenda o uso do bolsão de concreto poroso. Instalado no fim da pista, o bolsão quebra com o peso da aeronave e ajuda a freá-la. Nenhum aeroporto no Brasil possui esse tipo de segurança. Nos EUA, apenas 19.

Um deles é o aeroporto de Midway, em Chicago, que possui pista e movimentação semelhante ao de Congonhas. Os dois também estão instalados em áreas residenciais. Como não há nenhuma regra internacional que proíba a existência de aeroportos em áreas urbanas, o que é preciso é adotar medidas de segurança, diz Jorge Leal Medeiros, especialista em transportes aéreos e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ele, uma solução em Congonhas seria encurtar a pista. Criaria-se assim uma área de escape (em uma parte onde hoje é a pista) e o governo não precisaria regular sobre o uso ou não do aeroporto. "As aeronaves teriam que se adaptar a esse tipo de pista, mais curta. Mas aí o problema seria das companhias aéreas, que ou se adaptam ou não pousam lá", diz Medeiros.

Outro ponto em que o Brasil deve avançar nos próximos anos é no sistema de controle de vôo. Até 2015, segundo uma norma da Oaci, todos os países devem migrar para uma nova tecnologia chamada de CNS/ATM, em que o controle é feito por satélite. Nos EUA, Europa e parte da Ásia o sistema já é utilizado. O CNS/ATM permite melhor comunicação entre o piloto e os controladores de vôo. Além disso, fornece dados mais precisos sobre a localização das aeronaves, o que permite aos aviões voarem mais próximos uns dos outros, aumentando o número de rotas no ar. Hoje, o sistema de radar usado no Brasil é desatualizado e possui falhas. "Vários pilotos contam que quando o computador do radar conversa com o computador do avião, a leitura que ele faz de posição não é aquela em tempo real. Às vezes tem uma diferença de até três quilômetros de deslocamento de posição", diz o professor de Direito Aeronáutico Internacional e pesquisador da Universidade Católica de Goiás (UCG), Georges de Moura Ferreira, referindo-se a uma área da Amazônia. "Isso não é falta de competência dos militares. É falta de investimento no setor", defende Ferreira.

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