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Boatos deixam a população em pânico

Um boato levou ao desespero moradores de Nova Friburgo na manhã de ontem. No centro da cidade, surgiu a informação de que uma barragem teria se rompido. Pessoas correram com crianças no colo, procurando prédios mais altos para se abrigar.

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Rio de Janeiro - Três dias depois do temporal que arrasou parte da região serrana do Rio de Janeiro, no pior desastre natural da história do país, o desespero toma conta dos sobreviventes nos municípios atingidos. Faltam luz, água e comida na maioria das cidades atingidas. Ainda há quatro cidades isoladas. As prefeituras já contabilizam 539 mortos, 6.170 desabrigados e 8.420 desalojados.

Cerca de 2 mil homens estão nas ruas de Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Areal, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto e Bom Jardim para garantir a chegada de medicamentos, água e alimentos aos atingidos. Mais de 200 equipamentos, entre caminhões, retroescavadeiras, escavadeiras hidráulicas, picapes, pás mecânicas e tratores estão sendo utilizados, segundo o Instituto Estadual do Ambien­­te do Rio (Inea). As prioridades são desobstruir ruas e cursos de rios, para melhorar o fluxo das águas e evitar novos alagamentos, e permitir o acesso das equipes de socorro.

Rodovias e comunicação

A situação ainda é complicada nas rodovias da região. Rochas que rolaram das ribanceiras, troncos de árvores, restos de construções e móveis, utensílios diversos e veículos ainda obstruem as estadas. Também há muita lama. No início da tarde, a concessionária Rota 116 restabeleceu o tráfego no km 92 da RJ 116, entre Itaboraí e Nova Fri­burgo. Em Teresópolis, ainda não é possível acessar alguns bairros.

Até a tarde de ontem ainda não havia acesso aos municípios de Sumidouro, Santa Maria Madale­­na, São José do Vale do Rio Preto e Bom Jardim. Segundo a Secretaria Estadual de Obras, os piores cenários estão na RJ-130, que liga Tere­só­­polis a Nova Friburgo; RJ-142, que liga Nova Friburgo a Casimiro de Abreu; RJ-116, próximo a Bom Jardim; e RJ-150, entre Nova Friburgo e Amparo. Nas rodovias federais a situação também é complicada. A pista está interditada do km 62 ao km 65 da BR-040 (Rio-Brasília). Também há problemas na BR-495, perto de Petrópolis.

O ministro das Comunica­­ções, Paulo Bernardo, cobrou das operadoras de telefonia um plano de emergência para restabelecer a comunicação nas regiões atingidas. Segundo ele, a primeira medida será levantar as torres derrubadas pelos temporais. É possível que operadoras ofereçam celulares para quem perdeu o sinal do telefone fixo. "É justificável que tenha ficado sem comunicação, mas não é justificável que continue sem comunicação", afirmou o ministro. O deputado Miro Teixeira, ex-ministro das Comunicações, sugeriu que se aumentassem os canais para aumentar a velocidade da internet.

Água e luz

O fornecimento de água foi restaurado em cerca de 50% dos bairros de Nova Friburgo. Segundo a concessionária Águas de Nova Friburgo, cinco estações de tratamento voltaram a operar. A empresa prevê para hoje o retorno da operação da Estação Bela Vista, o que representará a retomada de 65% do fornecimento. A Estação de Rio Grande de Cima, a maior do sistema, ainda está inacessível e sem energia. Os hospitais, incluindo os de campanha, creches e abrigos estão sendo abastecidos por pipas d'água. Nas demais cidades, o abastecimento ainda é precário.

A concessionária Ampla afirmou que 90 mil clientes tiveram a energia elétrica recuperada na região. Cerca de 500 funcionários estão mobilizados para restituir o serviço em Teresópolise Petró­polis. Cerca de 105 mil pessoas ficaram sem energia elétrica. Vinte e três geradores foram enviados para as localidades atingidas, a fim de reparar o fornecimento em hospitais, postos de saúde, bombeiros e delegacias.

Enterros

O grande número de corpos em Nova Friburgo levou a Justiça a determinar que os sepultamentos sejam feitos sem o reconhecimento pelas famílias. A partir de hoje, os cadáveres que não forem identificados serão numerados e terão material genético colhido. Os corpos que estiverem em bom estado também serão fotografados. A partir das 7 horas de hoje, cerca de 100 corpos devem ser sepultados.

A Justiça autorizou a exumação antecipada de corpos no cemitério municipal de Teresópolis. A lei municipal prevê a exumação somente após quatro anos do enterro. Fotografias e material genético que será coletado permitirão que as vítimas sejam identificadas posteriormente.

Ontem pela manhã, o número de mortos chegava a 510 em toda a região serrana do Rio, dando uma mostra da dimensão da tragédia registrada desde a madrugada de terça-feira – na manhã de quinta-feira, o número era de 146 mortos.

Dados da tragédia

> 4 cidades da região serrana do Rio estavam isoladas ontem: Sumidouro, Santa Maria Madalena, São José do Vale do Rio Preto e Bom Jardim.

> 200 equipamentos estão sendo utilizados, como caminhões, tratores, retroescavadeiras, escavadeiras e pás mecânicas.

> R$ 500 milhões serão necessários para reconstruir Teresópolis, na estimativa do prefeito Jorge Sedlacek.

> 8 escolas foram severamente atingidas. Cinco delas (uma em Petrópolis, duas em Teresópolis e duas em Nova Friburgo) ficaram alagadas. Outras três, em Nova Friburgo, estão inacessíveis.

> US$ 30 milhões é o prejuízo da rede hoteleira da região serrana do Rio de Janeiro após a tragédia, segundo a Secretaria de Turismo do Rio.

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