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"Se você está bem, aqui em casa está tudo bem." A frase foi dita pela mãe do mecânico Juliano Gonçalves, de 24 anos, há cerca de dois meses, quando o rapaz estava internado por dependência química em um mosteiro, no Bairro Novo, em Curitiba.

Juliano, dependente de crack há quatro anos, quer utilizar a frase da mãe em momentos de fraqueza, quando o corpo pedir e a ocasião facilitar o uso da droga. Em outras três oportunidades, Juliano ficou longe do crack, internado. A primeira, no entanto, nem conta, diz ele: "Não queria ficar. Não estava nem aí. Saí andando do hospital".

Hoje o discurso é outro. Atendido diariamente no Centro de Apoio Psicossocial (Capes) do Bairro Novo, Juliano fala em Deus e promete não fumar mais pedra. Do primeiro internamento, ainda em Maringá, até hoje, Juliano vendeu relógio, celular e roupas do corpo para fumar.

O salário, de cerca de R$ 400, era consumido em um dia: "Eu recebia e ia no mercado. Comprava uma caixinha de cerveja. Passava na casa do traficante e deixava R$ 10 por duas pedras. Ia para a casa e fumava. Voltava e comprava R$ 50. Fumava tudo. No fim do dia, deixava todo o dinheiro e pegava tudo em pedra. Vinte, trinta pedras na correria."

No trabalho, Juliano recebeu um ultimato. Era bom funcionário, dedicado e trabalhador, mas deveria se cuidar, procurar ajuda.

Ele já tem na cabeça o estímulo de que precisa para retomar o trabalho, voltar a estudar e cuidar da filha. "Se eu estou bem, eles ficam bem." (GV)

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