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A diferença de preço entre uma droga e outra e o perfil do traficante de cada uma delas criaram uma divisão de classes no mercado de entorpecentes. Crack e maconha são mais populares entre usuários de baixa renda e consumidos na rua mesmo, enquanto ecstasy e LSD são mais comuns entre dependentes de classe média, em casas noturnas e festas rave. O perfil do traficante segue esse padrão. O tráfico de drogas populares é regido por homens e mulheres pobres, de baixa escolaridade, cujo ingresso no mundo do crime se dá, em geral, pela dificuldade de acesso ao mercado de trabalho. Já o de drogas sintéticas é feito por gente de alta escala social.

Prisões feitas pela Polícia Federal revelam um jovem de classe média, entre 20 e 27 anos, em geral universitário, sustentado pela família, que trafica para consumir as pílulas e viaja muito. Costuma comprar a droga na Holanda, Espanha e Inglaterra. Em pesquisa de 2007 da Fundação Getulio Vargas, quem se declara consumidor de droga no Brasil é jovem, homem, solteiro, e 6 entre 10 são da classe A. De acordo com o levantamento, 86% têm entre 10 e 29 anos e 99% são do sexo masculino. A pesquisa levou em conta quatro tipos de droga: maconha, cigarros de maconha, lança-perfume e cocaína. Foram ouvidas 182 mil pessoas em todo o país.

Seja na periferia ou na alta sociedade, para o traficante só existem duas classes de gente: o rival e o cliente. Às vezes, adota uma falsa postura amigável para fidelizar o cliente, relação que se encerra quando a dívida de droga ultrapassa a fronteira considerada segura. Então, as mortes servem de aviso para outros usuários. A violência faz parte do jogo tanto na miséria quanto no luxo. Para os drogados, o ambiente da favela oferece uma sensação de insegurança. Nos apartamentos de classe média ou alta, o convívio é mais tranquilo. É ali que geralmente está o verdadeiro patrão, que quase não põe a mão na droga, deixando o trabalho para quem está nas favelas.

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